“Decisões Extremas” surpreende logo no seu início. E não falo de invencionices do roteiro ou qualquer coisa envolvendo a história em si. Surpreendente é ver, pela primeira vez desde Star Wars, Harrison Ford não ser o nome principal a ser creditado. O longa-metragem é produzido pelo ator que, talvez até por isso, tenha se sentido menos tentado a encabeçar o elenco, deixando a função para Brendan Fraser. É no mínimo curioso.
Decisões Extremas tem direção de Tom Vaughan e roteiro assinado por Robert Nelson Jacobs, baseado no livro The Cure, da jornalista vencedora do Pullitzer Geeta Anand que, por sua vez, baseou-se em fatos reais.
Na trama, John Crowley (Fraser) é um homem de família, casado com a bela Aileen (Keri Russell) e pai de três filhos. Os Crowley tentam de todas as formas manter uma rotina normal, mesmo tendo de encarar uma batalha diária: dois de seus três filhos tem a doença de pompe, uma doença degenerativa que afeta os músculos e sistema nervoso. De acordo com as pesquisas de John, as crianças têm expectativa de vida até os 9 anos de idade, o que o deixa desesperado por uma solução para o problema. Ao conhecer as pesquisas do Dr. Robert Stonehill (Ford), Crowley percebe uma luz no fim do túnel, larga seu trabalho e passa a dedicar todo o seu tempo a angariar fundos para a descoberta da cura para a doença. No entanto, Stonehill não é uma figura nada fácil de trabalhar.
Para início de conversa, Brendan Fraser consegue uma atuação – ainda que nada uniforme – bastante comovente, merecendo créditos pela escolha de um papel diferente do habitual. John Crowley é totalmente abnegado aos filhos e não mede esforços para resolver a situação. Homem de negócios, ele é a pessoa perfeita para dar vida às pesquisas de Robert Stonehill, um professor que tem ideias revolucionárias na teoria, mas nunca as coloca em prática. Harrison Ford pratica o seu feijão com arroz para encarar um papel que parece ser escrito sob medida para ele. Portanto, não é de se estranhar que o ator esteja tão à vontade como o doutor. As crianças do elenco, Meredith Droeger, Diego Velazquez e Sam M. Hall, dão conta do recado e têm boas atuações.
Com uma história de superação de adversidades, Decisões Extremas ganha pontos por apresentar ao espectador uma trama que consegue, ao mesmo tempo, apresentar uma doença terrível e seus problemas, mas também mostrar que é possível arregaçar as mangas e trabalhar para se encontrar uma solução.
Contam-se nos dedos os bons filmes produzidos por Hollywood. Infelizmente, o mesmo pode ser dito de Bollywood, a indústria de cinema indiana. Por isso, é uma grata surpresa se deparar com pérolas raras como o filme “Como Estrelas na Terra – Toda criança é especial” (“Taare Zameen Par – Every child is special”, no original, lançado nas salas indianas no fim de 2007). O filme rapidamente conquistou uma legião de admiradores na Índia e no mundo, recebendo os prêmios de melhor filme e melhor ator pela crítica, além do prêmio de melhor direção, para Aamir Khan, e de melhor letra de música pelo Filmfare Awards.
“Como Estrelas na Terra” revela extrema sensibilidade e consegue captar a magia do universo infantil, mostrando que crianças são crianças em qualquer lugar do mundo. A história é centrada em Ishaan Awasthi, de 8 ou 9 anos de idade, que sofre com dislexia, dificuldade de aprendizado e, pior, incompreensão. O filme contrasta o mundo massificante orientado para o capitalismo com a valorização do indivíduo, com suas diferenças, virtudes e defeitos.
Incapazes de lidar com o “filho problema”, os pais de Ishaan resolvem matriculá-lo num colégio interno. Ali o garoto se fecha ainda mais em seu mundo depressivo. Com saudades da família e oprimido por professores insensíveis, o menino começa a “morrer” aos poucos.
Mas tudo muda quando um professor de arte substituto chega ao colégio e percebe que há algo de errado com Ishaan. Tem início, então, a aventura de “ressuscitar” o garoto que, na verdade, se revela um gênio da pintura.
É um filme emocionante, bem feito e que vale a pena ser visto por toda a família.
Se não fosse uma história real, eu a consideraria quase inverossímil, mas como é, pode-se dizer que se trata de um bom exemplo de como os seres humanos ainda podem manifestar amor desinteressado – tão desinteressado que chega a levantar suspeitas. É o que acontece no filme “Um Sonho Possível”, estrelado por Sandra Bulluck, no papel que lhe concedeu o Globo de Ouro de melhor atriz em 2010. A família de Leigh Anne Touhy (Bullock) dá abrigo a um garoto negro e pobre, e as amigas ricas não compreendem a atitude de Leigh, que acaba sendo até mal interpretada. É um verdadeiro tapa na cara de uma sociedade não acostumada a esse tipo de atitude bondosa e uma prova de que, quando ajudamos ao próximo, o maior beneficiado somos nós mesmos. Ao receber Michael como filho, a família passa por várias transformações para melhor.
Michael Oher (Quinton Aaron, o jovem pobre, no filme) vive como um sem-teto e proveio de uma família totalmente desestruturada. Apesar dessas desvantagens, é dono de um coração bondoso e gosta de proteger as pessoas que ama – o que não se torna muito difícil, já que ele é quase um gigante. A certa altura, graças a seu potencial esportivo, Michael é matriculado na escola em que o filho de Leigh estuda. E assim ele acaba conhecendo a família.
Quando Michael começa a se destacar no time de futebol da escola, desperta o interesse de algumas universidades. Mas, para poder ingressar em qualquer uma delas, ele precisa melhorar – e muito – as notas na escola. Mais uma vez, a família o ajuda a superar também esse desafio. Talvez o título dado ao filme em português tenho sido inspirado nesses desafios e superações de Michael. No original, o título é “The Blind Side”, e tem que ver com a atitude de proteger um colega de time quando ele é marcado em seu “ponto cego” pelo adversário.
É um filme que mostra o que há de melhor no ser humano. Vale a pena ser assistido. E imitado.
“A inteligência apresentada por muitos mudos animais chega tão perto da inteligência humana que é um mistério. Os animais vêem e ouvem, amam, temem e sofrem. Eles se servem de seus órgãos muito mais fielmente do que muitos seres humanos dos seus. Manifestam simpatia e ternura para com seus companheiros de sofrimento. Muitos animais mostram pelos que deles cuidam uma afeição muito superior à que é manifestada por alguns membros da raça humana. Criam para com o homem apegos que se não rompem senão à custa de grandes sofrimentos de sua parte” (
A Ciência do Bom Viver, p. 315, 316).
Enquanto assistia ao filme “Sempre ao Seu Lado” (EUA, 2009), lembrei-me do texto acima, escrito por Ellen G. White há mais de cem anos. O filme conta a história de Hachiko (um cão da raça akita) e seu dono, o professor de música Parker Wilson (Richard Gere). Todos os dias Hachiko acompanhava o dono até a estação de trem e estava lá, no fim da tarde, para recebê-lo. A produção é baseada em fatos reais ocorridos no Japão, na década de 1930. Em 1987, a versão cinematográfica japonesa “Hachiko Monogatari” também fez muito sucesso.
É um filme emocionante que faz pensar em valores como fidelidade, amizade, companheirismo e mostra que os animais realmente “criam para com o homem apegos que se não rompem senão à custa de grandes sofrimentos de sua parte”.
Nelson Mandela é um homem que não foi derrotado; é um homem invicto. Após quase 30 anos na prisão sob a linha segregacionista do regime apartheid, Mandela saiu da cela prisional para o salão presidencial. Com o poder nas mãos, ele tinha tudo para encarnar os temores de uma grande parcela dos brancos da sociedade sul-africana: vingança, revanchismo, ajuste de contas. Com o poder nas mãos, ele tinha tudo para incorporar as expectativas de uma grande parcela dos negros sul-africanos: idem, idem, idem. Mandela, porém, superou os preconceitos e medos de todos os lados ao propor a construção de uma nova sociedade baseada na reconciliação. Para tanto, duas decisões foram significativas. Primeiro, a realização do chamado “Comissão da Verdade e da Reconciliação”. Em vez de estimular uma caça aos promotores sanguinolentos do apartheid ou conduzir uma anistia ampla e irrestrita apenas como forma de esquecimento dos horrores da segregação racial, aquele tribunal colocava cara a cara ofensores e ofendidos. Como uma espécie de tribunal moral, ali começava o processo de pacificação sem o qual o país mergulharia na vingança sem fim.
A outra forma de reagregar o país dividido foi a decisão de Mandela de incentivar a conquista da Copa do Mundo de rugby pela seleção sul-africana, no ano em que a sede do evento seria a África do Sul. A divisão racial tinha levado os negros a identificar a seleção nacional como um símbolo da supremacia branca, o que os fazia torcer sempre pelo adversário em campo.
Uma história dessas não poderia deixar de virar filme. E no filme chamado Invictus, de Clint Eastwood, conta-se como Mandela planejou a nova sociedade sul-africana, dentre outras formas, usando o esporte como elemento unificador. Numa cena marcante, os jogadores da seleção sul-africana visitam o lugar onde Mandela esteve preso. Ali, o capitão da equipe se pergunta, Como alguém passa tanto tempo na prisão e ainda sai disposto a perdoar todo mundo?
A reconciliação foi uma escolha racional de Mandela. Na cela apertada, seu espírito voava. E ali, ele decidia ser o senhor do seu destino. Costumamos desresponsabilizar o indivíduo e criminalizar a sociedade. Claro que as estruturas sociais deixam poucas opções ao sujeito discriminado e marginalizado social e economicamente. Mas ainda há chances de escolhas e a consequência delas não pode ser creditada unicamente ao presidente, ao delegado, ao pastor, aos amigos, ao diabo.
Mandela, representado com a dignidade principesca do ator Morgan Freeman, recitava para si, na prisão: “Eu sou o senhor do meu destino, eu sou o capitão da minha alma”. Em diversas oportunidades, nossas escolhas revelam o que queremos ser e o que devemos fazer. E até onde estamos dispostos a ir por nossos propósitos e princípios.
No país que esperava vingança, ele dava o exemplo de justiça. Embora tivesse defendido o enfrentamento armado durante parte de sua vida de luta contra o regime opressor, ele não foi derrotado pelas algemas do apartheid nem pelo revanchismo nos tempos da cólera racial. Por isso, tornou-se um homem invicto.
Respondendo à pergunta, Como alguém passa 27 anos na prisão e sai disposto a perdoar?
É que, em tempos de ódio e intolerância, não há gesto mais revolucionário que o perdão.
O que é o horror de uma guerra aos olhos de uma criança? O cenário nazista e o massacre dos judeus já foi muito utilizado nas telas dos cinemas, contudo, a diferença deste filme é que não vemos a guerra através do bravo soldado que dispara dúzias de tiros, nem dos generais e comandantes ditando suas ordens, mas aos olhos de uma criança, que apesar de tentarem explicar o motivo do “ódio ao judeu” não consegue realmente compreender o porquê de tanto ódio. Essa criança é o jovem garoto de 8 anos chamado Bruno (Asa Butterfield – novato no cinema, mas sua atuação é comovente e impressionante) que precisa deixar seus amigos da cidade e acompanhar ao pai soldado, maior orgulho, que foi promovido e precisa ir morar no campo. Lá, sozinho e tedioso, descobre que mora ao lado de uma “fazenda” que tem “moradores” estranhos, porque eles vivem vestidos de “pijamas”, e pela sua inocência se pergunta: Por que ainda estão de pijamas no meio do dia?
A partir da curiosidade ele conhece Shmuel (Jack Scanlon) e nasce uma amizade. Entre os furtos de comida para o novo amigo e suas conversas, Bruno começa a tentar entender os acontecimentos ao redor dele e com seu novo amigo. Apesar de se esforçar, não compreende o motivo das grades, dos “pijamas” e do ódio. Mas, como toda criança, a fé de sua inocência consegue manter a visão pura dos acontecimentos, confirmados na frase de Bruno: “Não se preocupe, Shmuel, logo os dois lados vão se entender e vamos poder brincar sem grades!”
Um filme bonito, emocionante, que faz refletir mais uma vez sobre a insensatez que as ações de um regime pode causar, não só no país, mas na célula fundamental que é a família.
À espera de que minhas filhas tivessem idade suficiente para compreender a trama, aproveitei para reassistir com elas à animação "A Fuga das Galinhas" (DreamWorks, 2000). Vou abrir uma exceção e recomendar a primeira animação neste blog, não apenas porque ela promove boas qualidades como perseverança, coragem, espírito de equipe e amor ao próximo. Tenho outro motivo e já vou deixá-lo claro. Antes, um resumo da história para quem ainda não assistiu.
A produção, que utiliza a antiga e trabalhosa técnica de massa de modelar, mistura aventura e comédia, com pitadas de romance galináceo, mostra um galinheiro no norte da Inglaterra (a Granja dos Tweedy) dos anos 1950, com ares de campo de concentração. Ares, não. A correlação é explícita, exceto para crianças que ainda não conhecem a triste história da Segunda Guerra. As galinhas, lideradas pela brava Ginger, executam vários planos para tentar fugir da prisão, mas todos fracassam. Por que fugir? Simples: as galinhas que não botam a quantidade esperada de ovos são mortas e viram comida.
Cansada dor parcos lucros de sua granja, a ambiciosa Sra. Tweedy resolve comprar uma máquina de produzir tortas de galinha (seria uma alusão aos “chuveiros” dos campos nazistas?). Quando o galo norte-americano Rocky chega “voando” até a granja, Ginger imagina ser ele a esperança do galinheiro; a esperança da liberdade. Mas as coisas não saem exatamente como Ginger planejava. O resto, se você ainda não assistiu, fica por sua conta.
Bem, o motivo que me levou a recomendar esse filme dos mesmos autores de Wallace e Gromit é o sentimento que cria em relação aos animais. Do ponto de vista deles, ambientes como as granjas são exatamente campos de concentração criados para alimentar o prazer degustativo dos seres humanos. Imagino que dificilmente quem saboreia um McChiquen ou avista o logotipo da franquia Frango Frito, com aquele galinho sorridente, pensa no sofrimento a que são submetidas as galinhas criadas para a linha de produção alimentícia, forçadas a comer noite e dia, abarrotadas de ração acrescida de hormônios – tudo para que esteja pronta para abate em pouco tempo, acelerando os lucros de seus criadores/matadores.
Não sei se a intenção dos produtores era a de abraçar essa causa. Se foi, acertaram em cheio. Para minhas filhas e para mim, animais continuam sendo amigos, não comida.
Quando um casamento vai mal, não faltam sugestões para salvá-lo: melhorar a comunicação; caprichar no romantismo; fazer um cruzeiro; dar pequenos presentes e demonstrações de afeto; etc. Tudo isso tem o seu lugar, mas a proposta do filme “A Janela” talvez seja a última em que alguém pensaria: testemunhe de Jesus para melhorar a vida conjugal. Isso mesmo. O filme, cujo roteiro é do pastor e evangelista Alejandro Bullón, foi produzido nos Estados Unidos, dublado em português, e tem duração de 28 minutos. Apesar de pequeno e singelo, traz uma mensagem poderosa e necessária.
Roberto e Júlia são recém-convertidos ao adventismo e resolvem orar por e fazer amizade com os vizinhos Francisco e Rosa, sem saber que o casal enfrenta o drama da perda do filho, morto por afogamento. Com o tempo, uma amizade genuína se forma entre eles e, consequentemente, de maneira natural, Deus é apresentado como a solução para os problemas e a desesperança.
Segundo o pastor e conselheiro familiar Marcos Faiock Bomfim, “a história é excelente para ilustrar o fato de que muitos casais conseguem enriquecer o casamento justamente quando tiram o foco apenas da própria relação e começam a trabalhar juntos por outras pessoas ou famílias. É só quando procuram trabalhar juntos, em parceria com Deus pela salvação de outras pessoas, que alguns se dão conta de sua falta de amor. E é quando pedem esse amor para auxiliar outras pessoas, que sua própria relação é abençoada”.
O filme pode ser muito útil para quem trabalha com famílias e deseja mostrar essa realidade, levando os casais a formar Duplas Missionárias de Casais para trabalhar por outras pessoas ou famílias.
O filme pode ser adquirido diretamente através do departamento de Ministério Pessoal (MIPES) da Associação da Igreja Adventista de sua região.
Se a história de superação pessoal e sucesso profissional do Dr. Benjamin Carson, contada nas páginas dos seus livros, já emocionou e inspirou milhares ao redor do mundo, menor impacto não pode se esperar do filme sobre sua vida. Lançada em fevereiro de 2009, nos Estados Unidos, a produção começou a ser vendida no Brasil em janeiro deste ano (www.allcenter.com.br). Estrelado por Cuba Gooding Jr., cuja semelhança física com o médico impressiona, o filme mostra como o garoto de família desestruturada, com baixo rendimento escolar e temperamento descontrolado, se tornou um dos maiores neurocirurgiões do mundo. Tendo como ponto de partida uma das operações mais difíceis da carreira de Carson, a separação dos gêmeos siameses ligados pela cabeça, o roteiro retrata a infância de “Bennie” e mostra como a influência da sua mãe, da leitura e da fé em Deus foram fundamentais para que ele sonhasse e voasse alto.
Apesar de ser pintado como um homem sensível, religioso, idealista e bom pai de família, o filme decepciona os adventistas que (como eu) esperavam ver alguma referência ao adventismo. Na produção, a fé tem papel importante, mas secundário, na biografia de Carson. O grande mérito de seu sucesso é atribuído à mãe. Embora o drama termine com a bem-sucedida cirurgia de 1987, o “milagre” que consagrou o médico, deixou de abordar, ainda que no material extra, aspectos importantes da vida dele: como o trabalho filantrópico de sua fundação (http://carsonscholars.org), as condecorações que recebeu do governo americano e sua luta contra o câncer de próstata em 2002.
De qualquer forma, ninguém vai se arrepender de assistir
Gifted Hands, pois é um estímulo para os jovens, uma homenagem aos pais dedicados e um lembrete a todos os cristãos de que nossas “mãos” são poderosamente abençoadas quando nos colocamos nas mãos de Deus.
O documentário “De Sapo a Príncipe” (chamada.com.br), de 28 minutos, produzido pela Creation Ministries, toca num dos pontos mais frágeis do darwinismo: a origem da informação complexa. O título é uma brincadeira para mostrar que o salto evolutivo necessário para transformar anfíbios em mamíferos é simplesmente impossível à luz da ciência. O vídeo traz a clássica entrevista com o biólogo ateu Richard Dawkins, na qual ele fica sem resposta a uma pergunta sobre a origem da informação biológica e pede que a câmera seja desligada para ele pensar, após vários segundos constrangedores sem dizer nada. Além de Dawkins, são entrevistados o biofísico Lee Spetner, de Israel, o biólogo molecular Michael Denton, da Nova Zelândia, o especialista em ciência da informação Werner Gitt, da Alemanha, e o biólogo Don Batten, da Austrália. Produção singela (infelizmente apenas legendada), mas útil para conhecer um dos mais fortes argumentos a favor do design inteligente.
O periódico
The Youth’s Instructor, de 17 de outubro de 1944, publicou a seguinte história, relacionada com a grande decepção pela qual milhares de adventistas passaram após o dia 22 de outubro de 1844:
O Sr. John Howlett tinha em sua fazenda uma grande plantação de batatas. Sua esposa Lizzie um dia lhe perguntou:
– John, você não vai colher as batatas? Já passou muito da época de colhê-las.
– Eu sei, eu sei – respondeu ele. – Mas eu não vou colher as batatas.
– Não vai colhê-las? As batatas vão apodrecer embaixo da terra, quando chegar o inverno.
– Não se preocupe, Lizzie, Jesus está para voltar. Não vamos precisar guardar batatas para o inverno. Estaremos no Céu. Também não tenho tempo de colhê-las, pois preciso proclamar a mensagem da volta de Cristo.
– Está certo, está certo – respondeu Lizzie.
A zombaria dos vizinhos de John foi ainda maior quando se constatou que havia ocorrido um erro na interpretação das profecias relacionadas com o ano de 1844. Além de ser considerado louco por não colher as batatas na época certa, John foi também chamado de pregador de uma falsa mensagem. Mas, apesar do equívoco, Deus estava com Howlett e com os demais adventistas.
Com o coração ainda angustiado pelo despontamento, John Howlett resolveu colher as batatas. Naquele ano, uma praga atingiu as batatas que estavam armazenadas nos celeiros, e os vizinhos que haviam zombado de Howlett perderam toda a colheita. As batatas que ficaram no solo, entretanto, não foram atingidas pela praga. Howlett generosamente partilhou com os vizinhos sua colheita e isso impressionou grandemente aqueles que o haviam chamado de louco. Deus cuidara de Seu filho.
Quando assisti “O Fazendeiro e Deus” (Faith Like Potatoes, 2006), lembrei-me da história de Howlett, ocorrida há mais de um século e meio. O filme conta a história real de Angus Buchan, um fazendeiro africano descendente de escoceses. Quando a situação em Zâmbia fica complicada, Buchan vende sua fazenda e se muda com a esposa e os filhos para a África do Sul. Dono de um temperamento difícil e muito estressado com a dura tarefa de transformar um pedaço de terra num local produtivo, Buchan finalmente encontra a paz no momento em que entrega a vida a Jesus. Mas não é “só” isso: ele se torna um homem cuja fé é capaz até de ressuscitar mortos; um pregador simples, porém comprometido com a missão de mostrar às pessoas que Deus é real e se importa com Seus filhos.
Para Angus, a fé tem que ser como batatas: crescem de maneira invisível debaixo da terra, mas são reais como o ar que se respira. A vida dele, como a de muitos preciosos cristãos, é a expressão prática das palavras de C. S. Lewis: "O cristianismo, se é falso, não tem nenhuma importância, e, se é verdade, tem infinita importância. O que ele não pode ser é de moderada importância."
“O Fazendeiro e Deus” é um filme tocante que mostra o quanto Deus está disposto a agir na vida daqueles que se entregam de coração, não importa onde vivam ou quão pecadores tenham sido.
Obs.: Há pelo menos uma cena duvidosa no filme. A certa altura, o pai de um menino que havia falecido sonha com o filho e o garotinho diz estar esperando por ele. O ambiente do sonho lembra muito o da nova Terra, o que fará aqueles que creem no sono da morte entenderem se tratar da promessa da ressurreição, já que o menino disse estar
esperando e não vendo "lá do Céu" o pai. Os que creem na imortalidade da alma farão outra leitura: que o menino estava consciente após a morte e que o sonho era mais do que um sonho.
Assista aqui a verdadeira explicação do que ocorre na morte.
O filme “A Segunda Chance” (EUA, 2006) tem como um dos atores principais o famoso cantor evangélico Michael W. Smith e oferece uma boa oportunidade de reflexão sobre a necessidade de se utilizar os modernos meios de comunicação (como a TV) na pregação do evangelho, sem esquecer de que a igreja deve tocar a vida das pessoas, ir até o lar delas, abraçar, se relacionar, abrir as portas e o coração para salvar.
Smith interpreta o pastor Ethan, filho do fundador no ministério The Rock, Jeremiah Jenkins. Para Ethan, o ministério é mais como um negócio. Cantor renomado, dono de uma bela casa, um carro caríssimo e autor de um livro, ele mal faz ideia do que seja o cristianismo prático. Por isso, o pai decide que ele precisa aprender um pouco mais sobre o verdadeiro trabalho de uma igreja e do pastor.
Ethan é enviado para auxiliar a Second Chance Community Church (Igreja da Segunda Chance), ligada ao ministério The Rock. Ali ele conhece o ex-presidiário e também pastor Jake (Jeff Obafemi Carr) que luta para salvar jovens afundados no mundo das drogas e da prostituição. A Second Chance representa para a comunidade, de fato, uma segunda chance de viver dignamente.
Os dois pastores, ainda que professem a mesma fé e pertençam ao mesmo ministério, batem de frente com a visão de trabalho diferente que têm. Para fazer a obra de Deus, eles devem superar essas diferenças e aprender lições profundas sobre tolerância, amor e fé. É uma segunda chance para os ministros também.
O filme mostra o encontro de dois mundos e a relevância do evangelho para ambos.
O casamento está em vias de extinção. A cada ano, aumenta o número de divórcios no mundo. E, mesmo entre aqueles que resistem à “solução” da separação, muitos apenas se suportam, vivendo infelizes debaixo do mesmo teto. O filme “A Prova de Fogo” (Fireproof, dos mesmos produtores de “Desafiando Gigantes” e “A Virada”, já indicados aqui) toca nessa ferida, aponta os prováveis e mais comuns motivos desse problema e propõe a solução para ele.
Caleb Holt é capitão do Corpo de Bombeiros de Albany, EUA, tido como herói em sua cidade. A metáfora é evidente: ele salva pessoas quase todos os dias, mas é incapaz de salvar o próprio casamento. Percebendo a situação, o pai dele propõe um desafio antes de o casal partir para a separação. Relutante, Caleb aceita. (Detalhe: o ator principal é Kirk Cameron, que estrelou na adolescência uma série de sucesso e decidiu, depois, dedicar-se a projetos que promovessem o bem.)
A capa do DVD traz o slogan “Nunca deixe seu parceiro para trás”, que se aplica tanto para bombeiros quanto para casais. Comentários no site do filme deixaram claro que ele consegue fazer um retrato bastante preciso da triste realidade da fragmentação do matrimônio. Muita gente se sensibilizou e se identificou com a situação desesperadora do capitão Caleb e sua esposa Catherine.
O filme trata paralelamente e com certa discrição da batalha de todo homem (contra a lascívia) e de toda mulher (contra a vaidade). (Leia também:
“A luta do homem e da mulher”. Com o relacionamento conjugal enfraquecido, Caleb é tentado pela pornografia na internet, enquanto Catherine começa a ceder às investidas de um jovem médico, em seu local de trabalho.
O “desafio do amor” proposto pelo pai de Caleb consiste em colocar em prática um simples programa de 40 dias no qual o cônjuge realiza pequenas atividades diárias com o objetivo de reconquistar o parceiro. Esse desafio acabou virando livro, com o título
The Love Dare (O Desafio do Amor).
Quando chega à metade do desafio (lá pelo 20º dia), Caleb desanima ao perceber que nada parece estar dando certo. É aí que, mais uma vez ajudado pelo pai, ele percebe o que realmente está faltando em sua vida, e tudo muda – primeiro nele, depois na esposa. Afinal, como ensina o filme, não se pode dar aquilo que não se tem: o amor incondicional. Como e onde obtê-lo? É o grande “desafio” do filme.
Com esse tipo de amor, todo relacionamento se torna “a prova de fogo”.
Deus existe? Será a ciência capaz de comprovar sua existência ou trazer mais razões para a dúvida? Doug Holloway (David de Vos) é um homem de família à beira da ruína financeira e matrimonial quando embarca numa jornada ao encontro de seu pai biológico, o Dr. Eugene Holland (Victor Lundin), cuja meta é nada menos que a maior descoberta a ser feita pela física moderna, a comprovação da Teoria de Tudo, que poderia "provar" a existência de Deus. Seu maior desafio é alcançar sua meta antes de ser privado de sua capacidade de raciocínio por causa de uma doença cerebral degenerativa. Na luta por seus objetivos, pai e filho unem forças para fortalecer a família e buscar esperanças em Deus. Uma história comovente sobre família, fé e física teórica. A Teoria de Tudo o inspirará a considerar as possibilidades.
(Garagem da Fé)
Nota: Como ocorre em alguns filmes evangélicos (e não somente com os evangélicos, evidentemente), o roteiro acaba sendo meio "forçado" e pouco convincente em alguns momentos. Mas a tentativa de entrelaçamento entre fé e ciência nesta produção não deixa de ser interessante.[MB]
Uma vida devotada aos pobres, aos doentes e aos esquecidos. Conhecida como "a santa dos pobres mais pobres", Inês Gonxha Bojaxhiu nasceu em Skopja, capital da atual república da Macedônia. Aos 21 anos, mudando seu nome para Teresa, ingressou em um convento de Calcutá. Onze anos mais tarde, deixaria o convento e começaria a trabalhar nos bairros mais pobres da cidade, vindo a fundar em 1946 a Congregação das Missionárias da Caridade. Seu trabalho em favor dos mais necessitados rendeu a Madre Tereza o Prêmio Nobel da Paz e o reconhecimento de seu trabalho no mundo. Neste sensível e humano filme, o diretor Fabrizio Costa mostra a dedicação, a luta e a intolerância sofrida pela missionária.
Cornelia Johanna Arnolda ten Boom, mais conhecida como Corrie ten Boom, nasceu em Amsterdã, na Holanda, em 15 de abril de 1892. Membro de uma família cristã reformada, sua história de amor e dedicação ao próximo, não importasse quem fosse, se tornou conhecida em todo o mundo por meio de sua autobiografia intitulada
Refúgio Secreto. A família Boom ajudou a salvar judeus durante a 2ª Guerra Mundial, escondendo-os em sua casa. Por isso mesmo, os Boom acabaram sendo levados para o campo de concentração Ravensbrück, na Alemanha, sofrendo fome e maus tratos nas mãos dos nazistas.
Os anos em que passou na prisão militar se constituíram numa intensa prova de fé para Corrie. Como amar pessoas tão más? Como perdoar os seguidores de Hitler por causar tanto mal aos inocentes? A morte da irmã Betsie, companheira de todos os momentos, foi um golpe duro para sua já abalada fé e capacidade de perdoar. Mas o exemplo cristão de Betsie falou mais alto. Seu último pedido foi que Corrie contasse ao mundo que mesmo no poço mais profundo é possível contemplar o amor de Deus e passá-lo adiante.
Por um engano dos nazistas, Corrie foi solta e, desde então, vem cumprindo a vontade da irmã. Após a guerra, Corrie retornou à Holanda para estabelecer centros de reabilitação. Depois ela visitou vários países e escreveu diversos livros, entre os quais o mais famoso,
Refúgio Secreto, de 1971, que acabou virando filme e é distribuído no Brasil pela
Comev (a dublagem em português deixa um pouco a desejar, mas a produção é boa e a história, comovente).
Corrie morreu em 1983, aos 85 anos, na Califórnia. Mas seu exemplo de amor e humildade ainda fala alto. “O que conta não é minha capacidade, mas minha resposta à capacidade de Deus”, escreveu.
Na semana passada, assisti com minha família ao filme "O Peregrino", adaptação do clássico romance do escritor cristão John Bunyan (1628-1688), pregador nascido em Harrowden, Elstow, Inglaterra. O livro é uma alegoria da caminhada cristã rumo à vida eterna, passando pela salvação em Cristo. Dizem que é o segundo livro mais lido depois da Bíblia. Eu o havia lido há um bom tempo e foi bom recordar seu conteúdo por meio do filme que, apesar de um pouco antigo, é fiel à obra de Bunyan. Detalhe: um dos personagens principais é o Lian Neeson ("Lista de Schindler") em início de carreira. [Aproveite e leia o
comentário que minha filha de seis anos fez no blog dela.]
A Teoria da Evolução é verdadeira? Você já teve acesso a informações suficientes para avaliar entre criação ou evolução? O Dr. Jobe Martin descreve a si mesmo como sendo originalmente um evolucionista convicto e dedicado. Um dia, porém, após a aula na faculdade, um grupo de alunos veio até sua mesa com uma dúvida e um desafio que mudariam radicalmente sua vida. Eles simplesmente perguntaram se alguma vez ele tinha examinado a fundo as "suposições" darwinistas.
O Dr. Martin ficou perplexo! Ele estudara evolução por anos e jamais percebera qualquer "suposição". Entretanto, a idéia o intrigou e ele começou a estudar algumas peculiaridades específicas da Teoria da Evolução. Imediatamente, encontrou "suposições" que nunca vira antes; era como se uma lente escura tivesse sido removida e ele pudesse até mesmo ver que as suposições, de fato, existiam. Ele logo percebeu que certos mecanismos de sobrevivência dos animais jamais poderiam ocorrer aleatoriamente — mesmo num período de bilhões de anos.
Neste documentário. o Dr. Martin não apenas abre o jogo quanto a sua conversão de darwinista em criacionista, como também apresenta exemplos impressionantes de animais que foram projetados de maneira inteligente.
A produção é simples, a atuação de alguns atores deixa um pouco a desejar e o roteiro é bem singelo. Então, por que ver esse filme? Antes de responder à pergunta, uma consideração: as pessoas estão tão acostumadas a produções hollywoodianas milionárias carregadas de efeitos especiais e ação, que quando assistem a produções mais modestas (“A Virada” consumiu parcos 20 mil dólares) nem sempre se sentem satisfeitas em sua ânsia por entretenimento. Há filmes que devem ser vistos com outro tipo de olhar e com uma motivação que vá além do interesse no mero passatempo.
“A Virada” (“Flywheel”, no original, é uma peça essencial no motor dos automóveis) foi produzido pela Sherwood Pictures, a mesma que levou às telas o festejado “Desafiando Gigantes”. Na verdade, “A Virada” foi o primeiro filme deles, mas só agora foi lançado no Brasil. Escrito pelos irmãos Kendrick e estrelado por Alex Kendrick (o treinador Grant Taylor do filme “Desafiando Gigantes”), “A Virada” chega a ser um filme até mais convincente e se esforça para adicionar umas pitadas de bom humor na história.
Kendrick faz o papel de Jan Austin, um vendedor de carros usados que trapaceia seus clientes. Entretanto, em lugar de prosperar nos negócios, ele fica endividado, a relação com a esposa e o filho vai mal e mesmo sua vida religiosa se mostra uma farsa.
O filme segue meio monótono até certa altura, mas reserva alguns momentos surpreendentes e emocionantes mais para o fim, quando Austin percebe que sua vida pode ser diferente e que nem tudo está perdido. Que assim como o motor de um carro velho e parado pode ser consertado e posto em funcionamento com o simples virar de uma chave, sua vida também pode experimentar uma “virada” na direção da realização plena.
Por que assistir ao filme? Porque, a despeito das limitações técnicas, ele é capaz de mostrar que a fé traz sentido à vida quando permeia cada aspecto da existência; quando a religião deixa de ser um assunto de fim de semana e passa a ser um ingrediente importante do dia-a-dia.
Em “Ensinando a Viver” (“Martian Child”, EUA, 2007), David Gordon (John Cusack) é um escritor de ficção científica que ficou viúvo recentemente e resolve adotar Dennis (Bobby Coleman), menino órfão que acredita ser um marciano em missão de exploração na Terra. Ignorando os sábios conselhos de sua irmã Liz (Joan Cusack) sobre os perigos da paternidade, e o receio da diretora do orfanato, Sophie (Sophie Okonedo), David decide ser o pai do estranho garoto que afirma ser um alienígena. Mesmo com o apoio da amiga Harlee (Amanda Peet), por quem David está cada vez mais interessado, o aspirante a pai se vê completamente perdido. Para começar, David corre o risco de perder o prazo de publicação de seu próximo livro, o que está deixando seu já nervoso agente Jeff (Oliver Platt) bastante preocupado. E ainda há o assistente social, Lefkowitz (Richard Schiff), e seu Conselho, que têm sérias dúvidas sobre a capacidade de David de ser pai. Em meio a tudo isso, Dennis apresenta um comportamento bastante esquisito, e continua a insistir que veio do planeta vermelho.
Uma série de acontecimentos inexplicáveis acaba por deixar David em dúvida sobre se a alegação do menino realmente não passa de imaginação. Mas, seja qual for a verdadeira origem desse menino notável, David se apega cada vez mais a ele e descobre o poder transformador do amor paterno. Irmãos na telona e também na vida real John e Joan Cusack já se cruzaram diversas vezes nas películas, em produções diversas.
“De Porta em Porta” (“Door to Door”, 2002, 90 min) apresenta a história verídica de Bill Porter, um vendedor de porta em porta dos Estados Unidos. Seria uma história comum, com uma pitada de nostalgia para alguns, não fosse um detalhe: Bill tem paralisia cerebral. Mas isso não o impede de lutar pela sobrevivência, e mais: pela superação e reconhecimento. Quando pede uma chance de trabalhar para uma empresa, de início ele é rejeitado por suas limitações evidentes. Porter não se dá por satisfeito e insiste: pede que lhe seja dado o bairro mais difícil da cidade. Consegue o emprego e tenta vender seus produtos, sem muito sucesso, inicialmente. A mãe, sempre presente, o incentiva a não desistir, até que ele consegue vender algo para uma mulher solitária. Daí para frente, Porter não pára mais de vender. Mas não faz apenas isso. Ele acaba tocando a vida de toda aquela comunidade, interagindo com as pessoas dali por muitos anos. Torna-se mais que um vendedor; transforma-se num amigo.
A grande lição deixada pela mãe de Porter é: “persistência e paciência”. Ele aprendeu a lição e acabou se tornando um dos maiores vendedores de sua empresa. Para os vendedores de hoje, fica a lição: entender as necessidades dos clientes, ouvir de forma interessada, quebrar preconceitos, tornar-se “amigo”. Fica também a crítica aos modernos sistemas de vendas que tratam as pessoas como objetos de quem se deve arrancar dinheiro.
Não se pode deixar de destacar também a atuação de Kyra Sedgwick, Helen Mirren e Kathy Baker, que interpretam mulheres importantes na vida de Bill e cuja atuação (assim como a de William Macy) é excelente.
Um filme comovente e inspirador.
Rob Reiner não é o típico diretor-de-aluguel hollywoodiano. Quem tem no currículo This is Spinal Tap (1984), Conta Comigo (1986) e Harry & Sally (1989) já se põe acima da média. Mas o fato é que Reiner nem faz muita diferença em Antes de Partir (The Bucket List). A comédia dramática se justifica e se apóia, independente de qualquer outra coisa, no carisma de Jack Nicholson e Morgan Freeman.
Nicholson vive Edward Cole, milionário gestor de hospitais cujo lema é um número: dois leitos por quarto, nunca menos. Freeman é Carter Chambers, um mecânico que abandonou seus sonhos de juventude quando viu que teria uma família para alimentar. Quando os dois ficam fulminantemente doentes, seus caminhos se cruzam.
E se cruzam porque, para não desonrar seu lema, Edward, o dono do hospital, acaba no mesmo quarto de Carter. O estranhamento inicial logo se transforma em apoio mútuo. Ambos têm poucos meses de vida, e só um doente terminal para entender o tipo de drama que o outro vivencia. Do nada, Edward convence Carter a fugir e botar em prática uma lista de últimos - e excêntricos - desejos antes de "baterem as botas". Nos EUA, a expressão usada nesses casos é "chutar o balde", daí o título original do filme, A Lista do Balde.
Pouco antes das filmagens, por uma funesta coincidência, Nicholson teve que ser submetido a uma intervenção cirúrgica que o deixou de molho por meses. O fato de interpretar um personagem turrão à beira da morte evidentemente transtornou o ator - e o filme se beneficia do estado de espírito indômito de Nicholson. Ele atua com um senso de urgência que enriquece o personagem, em interessante contraste com a pose sempre professoral de Freeman. ...
Em entrevistas, Reiner diz que sua intenção principal era equilibrar bem o drama da pesada premissa com algum humor, e fazer com que o sentimento não descambasse para o sentimentalismo. Nesse ponto, ele realmente sai vitorioso. Antes de Partir lembra-nos a todo instante da situação pela qual passam os dois personagens - e, principalmente, faz isso com uma dureza visual que inviabiliza o água-com-açucar.
Exemplos: a hora em que Feeeman percebe que o catéter estourou e sua camisa ficou toda suja de sangue, ou a gigantesca cicatriz na careca de Nicholson. Rob Reiner não se furta a filmar a doença em close-up; meias-palavras e esquivas, ademais, não são muito freqüentes nos filmes do diretor. O tratamento que Antes de Partir dá ao drama chega a ser estranho, como quando o personagem de Nicholson recebe, com um close-up em seus óculos refletores, a notícia de que tem poucos meses de vida. É um plano de um anti-sentimentalismo realmente estranho, absurdo até.
E dizer que um filme é estranho e absurdo, vale lembrar, conta sempre como elogio.
Nota: Gostei especialmente do diálogo dos atores a respeito da existência de Deus e do fato de o filme mostrar que, no fim das contas, o que mais importa não é o que conseguimos acumular em vida, mas os relacionamentos que construímos e as vidas que tocamos.[MB]
O filme “O Caçador de Pipas” (The Kite Runner, EUA, 2007) é a adaptação do belo e aclamado livro homônimo do afegão Khaled Hosseini. A emocionante história dos amigos Amir e Hassan tem como cenário os últimos anos da monarquia do Afeganistão, na década de 1970. É uma narrativa cheia de metáforas que envolvem importantes aspectos da vida como amor, honra, culpa, medo, traição e redenção. No primeiro capítulo do livro, Amir afirma ter descoberto que “não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar. Olhando para trás, agora, percebo que passei os últimos vinte e seis anos da minha vida espiando aquele beco deserto”. O tal beco foi palco de um crime que atormenta Amir por longos anos. E o filme tenta mostrar que todos têm uma chance de voltar a ser bons e devem enfrentar os “fantasmas” do passado.
Umas das metáforas é o próprio símbolo que dá nome ao livro e ao filme: a pipa. O brinquedo remete Amir aos anos felizes da infância. Com a dominação talibã, após a invasão russa, até essa inocente brincadeira é banida do Afeganistão. E a inocência é banida da vida de Amir.
Fugindo da guerra, Amir e seu pai se mudam para os Estados Unidos em busca de vida nova. Amir se forma na faculdade de Medicina, conquista seu grande objetivo de publicar um livro, casa-se com uma jovem filha de um general afegão, mas, mesmo assim, os ecos da infância não silenciam. Até que um amigo doente que havia ido morar no Paquistão lhe telefona, faz um convite, propõe um desafio e oferece a chance que Amir precisava para fazer as pazes com seu passado.
O filme termina com o personagem novamente empinando uma pipa e deixa a sugestão implícita de que o perdão e a paz podem nos fazer sentir leves como um brinquedo de papel voando no céu. A redenção está ao alcance de todos. Basta querer.
Apesar de não ter comparação com a história comovente criada por Hosseini, o filme vale a pena e agrada aos que leram o romance, com a ressalva de que há pelo menos dois momentos fortemente dramáticos que tornam a produção não recomendável para crianças.
A princípio, "A Última das Guerras" parece mais um daqueles filmes de guerra com muitas explosão e sangue pra todo lado. Infelizmente, como todo filme de guerra, há explosão e sangue, sim. Mas não fica só nisso. O filme, baseado em fatos reais, focaliza o auge da 2ª Guerra Mundial, em 1942, quando a Cingapura é invadida por tropas japonesas. Um grupo de soldados aliados é levado para um campo de prisioneiros de guerra na selva da Birmânia. Ali há total desrespeito pela Convenção de Genebra e pelos direitos humanos. Os soldados passam fome, adoecem, são torturados e forçados a construir uma ferrovia em meio à mata selvagem. Enquanto um grupo tenta organizar a fuga e se alimenta do desejo de vingança, outro se volta para o estudo da filosofia, da literatura e da Bíblia Sagrada. E é nesses estudos que eles encontram esperança para continuar vivendo e adquirem a capacidade de perdoar até mesmo seus captores.
O filme, como se trata de uma história de guerra, traz cenas fortes e não deve ser visto por todo tipo de pessoa(especialmente crianças). Mas é um retrato nu e cru do que o ser humano pode se tornar quando não tem Deus na vida - e do que pode vir a ser quando permite que Deus tome conta de si.
O filme “Entre Dois Mundos”, dirigido por Vic Sarin, mostra o quanto o preconceito e o ódio inspirados pela religião podem ser destrutivos. Com o fim da dominação inglesa sobre a Índia, em 1947, o país passou a enfrentar os efeitos do esfacelamento e da intolerância entre muçulmanos, sikhs e hindus. De início, a divisão em duas nações distintas - Índia e Paquistão - foi bem acolhida por alguns muçulmanos como uma solução para os conflitos inter-religiosos. Mas essa iniciativa acabou gerando uma migração em massa, obrigando os hindus a abandonarem suas terras e viajarem para o sul, enquanto os muçulmanos se deslocaram para o norte. Milhares de pessoas, ao cruzar a fronteira, foram assassinadas, especialmente as mulheres.
Num desses ataques contra um grupo de refugiados muçulmanos, Nassem (Kristin Kreuk, de
Smallville) é salva por um ex-soldado sikh chamado Gian. O jovem, cansado dos horrores da guerra, se refugia numa vida simples de agricultor e se vê obrigado a enfrentar os próprios conterrâneos para defender a moça por quem acaba se apaixonando.
É um drama bem construído que mostra que o amor verdadeiro pode sobrepujar diferenças raciais e religiosas. O caráter bondoso de Gian e sua decisão de acolher a muçulmana Nassem até lembram a história bíblica de Rute e do nobre Boaz.
Quando Nassem descobre que sua família está viva no Paquistão, o que parecia a possibilidade de um feliz reencontro acaba se tornando no pior pesadelo de sua vida.
Infelizmente, a tragédia retratada no filme parece longe de ter fim, já que, desde sua independência da Grã-Betanha, a Índia e o Paquistão já travaram três guerras pelo controle da Caxemira, que foi dividida entre os dois países.
O filme é bom, mas deixe algumas caixas de lenços à mão...
O ano é 1890. O professor do Seminário Bíblico da Graça, Russell Carlisle (D. David Morin, de "Compromisso Precioso", outro bom filme), está prestes a publicar seu livro e pede aos colegas do seminário para endossarem a obra. Um dos membros da comissão, o Dr. Norris Anderson (Gavin MacLeod, de "O Barco do Amor"), se opõe à publicação do livro devido ao que ele considera um erro grave: falar de valores e moral sem mencionar a autoridade por trás desses valores - Jesus Cristo. Segundo Anderson, a publicação do livro de Carlisle poderia ajudar a demolir os pilares morais que sustentam a sociedade.
Para provar que a idéia de que o ser humano pode viver moralmente sem Deus acarreta graves conseqüências, o Dr. Anderson desafia Carlisle a ver com os próprios olhos uma sociedade que abraçou essa doutrina. Como? Enviando-o mais de cem anos ao futuro através de uma máquina do tempo criada por John Anderson, o pai de Norris.
A partir daí, o cenário é o de uma grande cidade norte-americana, cheia de tentações e de cristãos nominais que acham que podem ser bons, mesmo pouco conhecendo de Jesus e de Sua Palavra.
A ficção científica pode ser meio "forçada", mas é compensada pelo bom roteiro, personagens e diálogos convincentes e pelos apelos e discursos de Carlisle. O toque de humor leve se mistura bem à proposta séria do filme de analisar a decadência moral do mundo que vive na iminência da volta de Jesus.
Nem precisa dizer que Carlisle fica chocado e, quando retorna ao passado, resolve reescrever o livro e renomeá-lo de "Time Changer", que é o título original do filme, lançado em 2007.
Deixando de lado alguns erros teológicos como o "inferno eterno" e o "arrebatamento secreto", é um filme que vale a pena ser visto.
Quem é você? E as pessoas com as quais todo o dia interage? Com que profundidade conhece os seus colegas de trabalho? Se atua em educação, quais são as informações que possui a respeito de seus alunos? Normalmente temos apenas uma visão superficial e pouco clara da maior parte dos relacionamentos que estabelecemos ao longo de nossas existências. E será que estamos preocupados com isso?
Em se tratando de escolas, por exemplo, em muitos casos parece que o nosso único dever é o de ministrar aulas, passar conteúdos, preencher cadernetas, corrigir provas, cumprir cronogramas e planejamentos. O que não parece muito diferente daquilo que acontece em tantos outros setores produtivos da sociedade, sejam eles hospitais ou escritórios, fábricas ou lojas,...
Bater cartão, cumprir responsabilidades variadas, entregar resultados e atingir metas. Viver dentro de um sistema em que a meritocracia é o principal indicador de valor social nos distancia cada vez mais uns dos outros e, aos poucos, vai minando (a ponto de destruir em certos casos) a nossa humanidade. Devo esclarecer, dede já, que não sou contrário à produtividade, ao ganho, ao crescimento profissional e ao desenvolvimento econômico de pessoas, empresas e países.
No entanto creio que todos têm que ponderar questões e situações do mundo real que afetam a coletividade e que colocam barreiras e criam problemas a nossa existência. O debate sobre o aquecimento global, por exemplo, é um caso mais do que premente e fundamental para a existência de todas as formas de vida residentes nesse planeta. Da mesma forma, enquanto não nos preocuparmos sinceramente uns com os outros, iniciando essa ação a partir das pessoas que nos são mais próximas e presentes, como podemos imaginar que as questões globais poderão ser resolvidas?
“Escritores da Liberdade”, filme do diretor Richard LaGravenese, estrelado pela talentosa atriz Hillary Swank (duas vezes premiada com o Oscar, pelos filmes “Menina de Ouro” e “Meninos não choram”), baseado em história real, nos coloca em contato com uma experiência das mais enriquecedoras e necessárias. Sua trama gira em torno da necessidade de criarmos vínculos reais em sala de aula, conhecendo nossos alunos, despertando para suas histórias de vida, entendendo o que os motiva a ser as pessoas que são.
Emocionante relato de uma experiência bem-sucedida que ainda está em desenvolvimento, “Escritores da Liberdade” tem tudo para se tornar um novo libelo do cinema em prol da educação mais efetiva (como “Sociedade dos Poetas Mortos” ou “A corrente do Bem”), onde se respeitam alunos e professores e também em que as pessoas se percebem em suas particularidades e se permitem construir, conjuntamente, como aliados, um futuro melhor para todos. Imperdível!
Cansada do trabalho em empresas que desenvolvia até aquele momento e desiludida quanto às possibilidades de crescimento e realização pessoal naquele âmbito profissional, a jovem Erin Gruwell (Hillary Swank) resolve mudar de ares e dedicar-se à educação. Assume então uma turma de alunos problemáticos de uma escola que não está nem um pouco disposta a investir ou mesmo acreditar naqueles garotos.
A pecha de turma difícil, pouco afeita aos estudos e que vai à escola apenas para “cumprir tabela” se mostra, no começo da relação entre a nova professora e os alunos, uma realidade. O grupo, formado por jovens de diferentes origens étnicas (orientais, latinos e negros), demonstra intolerância e resistência à interação, preferindo isolar-se em guetos dentro da própria sala de aula.
A nova professora é vista por todos como representante do domínio dos brancos nos Estados Unidos. Os estudantes a entendem como responsável por fazer com que eles se sujeitem à dominação dos valores dos brancos perpetrados nas escolas. Suas iniciativas para conseguir quebrar essas barreiras aos relacionamentos dentro da sala de aula vão, uma a uma, resultando em frustrações.
Apesar de aos poucos demonstrar desânimo em relação às chances de êxito no trabalho com aquele grupo, Erin não desiste de sua empreitada. Mesmo não contando com o apoio da direção da escola e dos demais professores, ela acredita que há possibilidades reais de superar as mazelas sociais e étnicas ali existentes. Para isso, cria um projeto de leitura e escrita, iniciado com o livro
O Diário de Anne Frank, em que os alunos poderão registrar em cadernos personalizados o que quiserem sobre suas vidas, relações, interações, idéias de mundo, leituras...
Ao criar um elo de contato com o mundo, Erin fornece aos alunos um elemento real de comunicação que lhes permite se libertar de seus medos, anseios, aflições e inseguranças. Partindo do exemplo de Anne Frank, menina judia alemã, branca como a professora, que sofreu perseguições por parte dos nazistas até perder a vida durante a 2ª Guerra Mundial, Erin consegue mostrar aos alunos que os impedimentos e situações de exclusão e preconceito podem afetar a todos, independentemente da cor da pele, da origem étnica, da religião, do saldo bancário.
“Escritores da Liberdade” é uma fabulosa história de vida que nos mostra como as palavras podem emancipar as pessoas e de que forma a educação, a cultura e o conhecimento são as bases para que um mundo melhor realmente aconteça e se efetive.
Lições:
1. Ame ao próximo como a si mesmo. O ensino cristão baseado nas palavras de Jesus Cristo não é devidamente compreendido como deveria. As pessoas costumam levar as palavras ao pé da letra e associar esse breve e profundo enunciado ao verbo amar em seu sentido mais literal. Poucos são aqueles que extrapolam a compreensão mais imediata do vocábulo e o entendem, nesse contexto, como respeitar o próximo, tratá-lo com decência ou ainda admitir as diferenças e valorizá-las como parte da diversidade humana que nos leva ao crescimento. Parece que sempre queremos impor princípios, modelos, práticas e ações que levem os demais a serem parecidos conosco. Falamos em demasia e escutamos muito pouco. As próprias escolas, em particular aquelas que ainda baseiam sua ação quase que exclusivamente no modelo mais tradicional de educação, realizam monólogos e dão pouca vazão ao conhecimento e à história de vida dos alunos. Desvaloriza-se tudo aquilo que o estudante tem de experiência ao mesmo tempo em que se lhes impõe, goela abaixo, saberes que são considerados “essenciais” aos mesmos... Será que não está na hora de rever tudo isso?
2. A intolerância é, sabidamente, cultural. É um conceito construído ao longo de nossas existências. A tolerância, em contrapartida, parece nascer com cada ser humano. As crianças constituem o maior exemplo disso. Não há cerceamentos e restrições no contato com outros seres humanos entre os pequenos. Para eles, o importante é interargir, brincar, trocar, tocar, abraçar, jogar... Será que podemos aprender as lições das crianças?
3. Ler e escrever são elementos básicos da civilidade. Projetos de leitura, atividades de produção escrita regular, valorização dos livros e da literatura, espaços para a divulgação daquilo que está sendo produzido nas escolas pelos alunos no que tange a textos ou ainda à ampliação dos espaços de leitura são realidades e preocupações que vemos em nossas escolas?
(João Luís Almeida Machado, editor do Portal Planeta Educação, doutorando pela PUC-SP no programa Educação: Currículo, mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie(SP), professor universitário e pesquisador)
Nota: É um ótimo filme, mas não deve ser visto por crianças, uma vez que contém cenas de violência e descrição de realidades que exigem certa maturidade de quem o assiste.
Depois da destruição da Assíria, os vitoriosos babilônicos ficaram com as terras baixas da Mesopotâmia, as quais transformaram-se na base do novo Império do Oriente Médio, no reino de Nabucodonosor (605-562 a.C.). As terras altas do leste passaram ao domínio dos medos. Em 550 a.C., Ciro, naquele tempo príncipe da Pérsia e vassalo dos medos, rebelou-se e derrotou o rei dos medos, juntando mais tarde medos e persas para fundar o primeiro Império Persa (ou Aquemênida). Com as campanhas seguintes somaram-se Ásia Menor, Babilônia, Afeganistão e, depois da morte de Ciro, o Egito, formando-se assim o maior e mais poderoso império conhecido até então.
Durante o reinado de Dario (522-486 a.C.), o império foi organizado em vinte satrapias (províncias) que pagavam tributos. Dario estabeleceu um código legal completo, uma moeda estável e um eficiente sistema de correios. A natureza cosmopolita do império reflete-se no grande palácio construído por Dario em Persépolis (no sudoeste do atual Irã), onde os estilos arquitetônicos variam desde colunas lídias ou gregas a cornijas egípcias.
A área do palácio ocupava uma extensão aproximada de 270 metros quadrados. A porta principal estava do lado sul. A noroeste do palácio estava localizado o espaçoso aposento do trono, chamado Apadana. O terraço da parte central era sustentado por 36 belas colunas com estrias verticais e capitéis esculpidos, dispostas em seis fileiras de seis colunas cada. No aposento do trono havia muito ouro, prata e pedras preciosas.
A satrapia persa é uma verdadeira delegação de poderes. Ela reconhecia as identidades e as autonomias locais. Cada região conservava sua própria língua, suas leis, seus costumes, sua moral, sua religião e seus deuses (às vezes até mesmo seus chefes, como ocorreu na Fenícia, no Egito e na Palestina). Daí o porquê da relativa liberdade que os judeus dispersos desfrutaram no Império Persa. Esse modo de ver e de organizar as relações entre o soberano persa e as múltiplas etnias vassalas justifica o título de “rei dos reis” usado pelos soberanos aquemênidas.
Esse é o cenário histórico do filme “Conquista de Reis”, baseado na história bíblica de Ester. Xerxes I (ou Assuero) tornou-se rei do vasto império persa cerca de 485 a.C., aproximadamente cem anos depois da queda de Jerusalém sob domínio babilônico. O livro de Ester é, portanto, uma fatia da história da vida dos judeus exilados na Pérsia. Ester descendia desses judeus exilados.
Como sempre acontece nessas adaptações de histórias bíblicas para o cinema, o filme tem alguns detalhes ficcionais, mas em geral é bastante fiel às Escrituras. Com produção de primeira, o elenco conta com ícones como Omar Sharif e Peter O’toole.
Intrigas palacianas, traição, honra, justiça e confiança em Deus são ingredientes da trama. Além disso, o toque de romantismo adicionado à história de Xerxes e Ester torna o filme ainda mais agradável.
Vale a pena conferir.
Em setembro, a deputada Gabriele Pauli, da Alemanha, propôs nova lei segundo a qual casamentos valeriam por apenas sete anos e teriam que ser renovados depois desse período. A deputada disse que depois de sete anos os cônjuges poderiam renovar os votos do casamento por mais tempo. Segundo Pauli, a medida evitaria os altos custos de uma separação. Na Alemanha, quase a metade dos casamentos acaba em divórcio, o que não é muito diferente aqui no Brasil.
A proposta da deputada ilustra bem a maneira como muita gente encara o matrimônio em nossos dias: como um simples contrato que pode ser desfeito a qualquer momento.
Para fazer frente a essa tendência, a World Wide Pictures pruduziu “A Vow to Cherish” (traduzido como “Compromisso Perfeito”), a comovente história de uma família que, de repente, tem que encarar o drama do Mal de Alzheimer. Seria o voto matrimonial suficiente para manter unidos John e Ellen Brighton, um casal de meia idade, mesmo em meio aos problemas profissionais e familiares que surgem no decorrer da trama?
Phil Brighton, irmão e sócio de John, diferente do irmão, não leva a vida e os relacionamentos a sério e serve de contraponto às virtudes de John. A vida de ambos ilustra o contraste que há entre aqueles que lutam para manter um casamento feliz e abençoado e os que vivem de relações descartáveis. Onde está a verdadeira realização?
O elenco inclui Bárbara Babcock (“Um Sonho Distante”), Ossie Davis (“Dr. Dolittle”) e Donna Bullock (“Força Aérea Um”), entre outros bons atores.
Um ótimo filme para se ver em família.
No intervalo de uma semana, entre o fim de agosto e o começo de setembro de 1997, um mundo de mudanças se abateu sobre a realeza da Inglaterra. O que era secular se modernizou, o que era dogmático se flexibilizou e o que era particular se tornou público. Depois daquela semana, em que morreu a ex-princesa Diana e Tony Blair elegeu-se primeiro-ministro, a Rainha Elizabeth II nunca mais foi a mesma.
O formidável "A Rainha" (
The Queen, 2006), de Stephen Frears, filme muito justamente indicado a seis Oscars (incluindo melhor filme, roteiro original e direção), repassa a semana dia a dia. Começa com a eleição de Blair, representante do Partido Trabalhista, reerguido ao poder - depois de 18 anos de hegemonia do Partido Conservador - com um discurso de reciclagem das relações de trabalho, incentivando o livre mercado sem deixar de lado a assistência social. É a famosa Terceira Via que fez de Blair um superstar do neoliberalismo durante a segunda metade da década.
Não foi, porém, a agenda ideológica que impulsionou a popularidade de Blair nos seus primeiros dias de governo. No mesmo dia da posse, Diana Spencer, acompanhada do namorado Dodi Al-Fayed, morre em um acidente de carro em Paris. Torpor generalizado no Palácio de Buckingham. Fica acordado que a família Spencer de Gales fará um funeral familiar. Blair telefona para a Rainha. Esta responde que não fará pronunciamentos oficiais - não cabe à instituição da realeza comentar a morte de uma pessoa que não faz mais parte da família real, argumenta. Blair decide então falar às câmeras em nome do Parlamento. É no emocionado discurso, escrito por um assessor, que surge pela primeira vez a expressão Princesa do Povo.
Não estranhe se Tony Blair, nas rápidas atitudes midiáticas tomadas para aliviar a perda dos ingleses, despontar como protagonista do filme. É a partir de suas reações que Frears delineia a personalidade da Rainha. O populismo de Blair contrasta com a reserva de Elizabeth II, que considera o luto, acima de tudo, um assunto íntimo. O apego da rainha à instituição que ela representa - "nunca hasteamos a bandeira real a meio mastro e não será agora" - é a antítese da retórica televisionada que arquiteta a equipe do primeiro-ministro.
É de valores que Frears fala, no fundo. E o ator Michael Sheen, que já havia interpretado Blair em outra produção de Frears, o telefilme
The Deal, se sai muito bem compondo um personagem moralmente complexo. Vista publicamente desde 1997 como uma rancorosa opositora à imagem santa de Diana, Elizabeth II ganha no filme - e na figura estupenda da atriz Helen Mirren, indicada ao Oscar - um pouco de justiça histórica. Seu entendimento do que são os deveres e os limites de um soberano, sua visão de mundo no que se refere a privacidade e símbolos públicos, são bem mostrados em "A Rainha".
Do lado de fora, parece mesmo que a família real só gasta o dinheiro dos contribuintes ingleses. Do lado de dentro - como o diretor de fotografia brasileiro Affonso Beato nos mostra sem sensacionalismo, com o maior dos respeitos, circulando ao redor da rainha sem ofendê-la com dramatizações de câmera - fica mais fácil entender como é complicado ser a representação física, humana, diplomática, de um país inteiro.
O que é felicidade? Certamente há algumas respostas possíveis, mas se você perguntar para um pai de família desempregado, incapaz até mesmo de pagar o aluguel de uma pensão e responsável por criar sozinho o filho de cinco anos (já que a mulher acabou por abandoná-lo), ele certamente dirá que felicidade é ter um emprego que lhe dê dignidade e capacidade de manter a família.
“À Procura da Felicidade” é a história de muitos cidadãos ao redor do mundo, que lutam por uma vida melhor e não cruzam os braços esperando que tudo caia do céu. Não deixa de ser também uma denúncia contra o capitalismo selvagem que sufoca as pessoas e tem níveis de exigência quase absurdos para que se possa alcançar a tão almejada estabilidade financeira.
Mas o que mais chama atenção na trama (inspirada numa história real) é a integridade de Chris Gardner (Will Smith). Ele tenta vencer de forma honesta, sem apelar para mentiras a fim de conseguir o ambicionado emprego de corretor de ações. Numa época em que uns pisam nos outros e não relutam em vender a dignidade para conquistar status e encher os bolsos, a mensagem do filme é mais do que necessária.
Quando chega ao fundo do poço, Gardner ainda encontra tempo para se preocupar com a formação do filho (seu exemplo de honestidade certamente fala mais alto) e para estudar um manual volumoso que poderá lhe garantir o cargo desejado na empresa onde depois de muito esforço consegue inicialmente estagiar sem remuneração.
Detalhe: o menino que interpreta o filho de Smith no filme, Jaden Smith, é filho dele na vida real. E nem é preciso dizer que a atuação de ambos é fantástica.
"Quase Deuses" (Something the Lord Made, 2004) é um achado! Daqueles filmes que você vai locar porque não tem muitas opções inéditas ou porque um atendente lhe indicou e não se arrependerá.
Alfred Blalock e Vivien Thomas foram médicos pioneiros em operações cardíacas, numa época em que todos os cirurgiões renomados seguiam uma lei de nunca tocar no coração humano e que negros (como Vivien) sofriam muito com o racismo. A trama aborda desde o início do relacionamento de amizade entre eles até o final de suas vidas. Ambos faleceram há mais de 20 anos.
Difícil é dizer o que se destaca mais neste filmaço feito pela HBO e dirigido pelo experiente (e fracassado nos cinemas) Joseph Sargent (80 anos), que abandonou as telonas após ser indicado ao Framboesa de Ouro com seu "Tubarão - A Vingança" (1987) e se manteve firme dirigindo filmes para a TV, até que a experiência lhe trouxe muitos Emmys e dois prêmios consecutivos mo Directors Guild Of America por "Quase Deuses" e "Warm Springs".
O roteiro, escrito a quatro mãos por Robert Caswell e Peter Silverman, soube muito bem colocar numa mesma panela, sem muita pieguice, vários relacionamentos importantes na trama. Podemos acompanhar a amizade entre o bruto e insensível Alfred e Vivien - um orgulhoso trabalhador que ama o que faz. Outra trama paralela muito bem desenvolvida é entre Vivien e sua esposa, pois o salário do marido (que não conseguiu se formar, apesar de ser tão bom médico quanto seu mentor) mal dá para pagar o aluguel. O racismo também é muito presente e nos mostra, sem julgamentos dos personagens (algo raro em filmes que abordam o tema), uma parte triste da história norte-americana. Sim, temos toda a luta dos médicos para salvar vidas (bem no estilo "Plantão Médico"), incluindo uma criança que foi a primeira a receber uma cirurgia no coração em toda a história.
Alan Rickman e Mos Def funcionam tão bem juntos, trabalham tão seriamente, mostrando tanta concentração durante todos os 110 minutos de filme, que mereceram as indicações que ambos receberam ao Globo de Ouro e Emmy por esse trabalho.
Quem nunca teve que enfrentar grandes desafios na vida? A diferença entre o vencedor e o perdedor pode estar em sua fonte de apoio. Em seis anos como técnico de futebol americano de uma escola, Grant Taylor não consegue levar seu time, o Shiloh Eagles, a uma temporada de vitórias. Por isso, todos começam a vê-lo como um derrotado e a direção da escola pensa em demiti-lo.
Em casa, as dificuldades também o jogam mais para o fundo do poço. A esposa quer muito ter um filho e, depois de alguns exames, o casal descobre que o problema está com ele. Como os tratamentos de fertilidade são caros, a idéia do filho é deixada de lado. Depois de tantos reveses, o pensamento de desistir de tudo lhe passa pela cabeça. Até que um visitante inesperado o desafia a acreditar no poder da fé. E é na oração e na leitura da Bíblia que Taylor descobre a força da perseverança para vencer.
Depois de descobrir que a Bíblia pode ser a solução para sua vida, Taylor passa a usá-la no trabalho, contagiando os jovens que treina e promovendo mudanças na vida deles também.
A direção é de Alex Kendrick (que também é o ator principal) e a distribuidora é a Sony Pictures. Mesmo quem não entende nada de futebol americano (ou ache o esporte muito violento, como é o meu caso), pode se emocionar com essa produção que relaciona a fé em Deus às lutas e situações do dia-a-dia.
Embora certas situações e o desempenho dos atores deixem um pouco a desejar em alguns momentos, a produção tem qualidade comparável à dos típicos filmes hollywoodianos. A trilha sonora também ajuda bastante.
Dá para se promover boas discussões sobre fé prática, estudo da Bíblia, oração e testemunho.
Morgan Spurlock, impulsionado pelo movimento de cinema independente que veio à tona com o sucesso de bilheteria de Michael Moore, documenta a cultura norte-americana do
fast food e os efeitos físicos e mentais que ele provoca. O diretor passou trinta dias a base de hambúrgueres, batata frita e refrigerante. Ingerindo cinco mil calorias diárias, ele foi sua própria cobaia no combate à rede McDonald´s. O experimento rendeu a Morgan onze quilos, além de problemas psicológicos e de saúde, que foram monitorados por três médicos antes, durante e depois do processo. Apesar dos indesejados problemas adquiridos, o diretor conquistou o posto de quarto documentário mais visto da história do cinema, além de provocar mudanças na maior rede mundial de
fast foods, que aboliu o tamanho
super size (gigante) e passou a imprimir os valores nutricionais dos lanches.
O espectador é constantemente surpreendido com a análise de Spurlock do procedimento de
marketing e vendas da indústria alimentícia, que trabalha para deixar o consumidor acomodado e passivo. Começa na infância. As crianças são seduzidas através dos brinquedos que vêm nos lanches, do
playground com piscina de bolinhas, das canções infantis, e também do desenho animado da turma do Ronald, que passa na TV. Com os pais não é diferente, são atraídos pela praticidade e comodidade que esse tipo de restaurante oferece, além de terem os filhos entretidos com os brinquedos e supervisionados pelos funcionários. A má alimentação está presente igualmente nas escolas, que oferecem cardápio rico em calorias e gorduras, colaborando para um futuro de diabetes, obesidade e alto colesterol de milhares de jovens. E é devido aos maus hábitos alimentares, que já são costume antigo do cidadão norte-americano, que os Estados Unidos são o país com o maior numero de obesos do mundo.
O grande sucesso de "Super Size Me" gerou polêmica e abalou a maior rede mundial de
fast food, rendendo a Michael Moore, outro grande especialista desse estilo sarcástico de documentário, 45 milhões de dólares. Ele, que ficou reconhecido em todo o mundo por criticar o
american way of life, é hoje o garoto-propaganda do McDonald´s. Pagando esse obeso cachê, a empresa fechou contrato com o cineasta por dois anos, com o objetivo de contra-atacar a má publicidade que vem sofrendo desde o lançamento do filme. Não é à toa que a companhia quer limpar sua reputação: o filme foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário e Morgan Spurlock ganhou o prêmio de Melhor Diretor de Documentário no Sundance Film Festival.
Um novo relatório, que será publicado no mês que vem, diz que os efeitos da mudança climática serão ainda mais graves do que os que as Nações Unidas tinham previsto. O diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, assegurou que “as conseqüências da mudança climática são mais sérias do que achávamos até agora”. Notícias como esta tornam cada vez mais necessária a tomada de consciência por parte dos habitantes do planeta Terra, se quiserem passar mais algum tempo por aqui e legar a seus filhos um mundo minimante habitável (já que todas as projeções apontam para uma situação crítica em, no máximo, 50 anos). E é aí que entram produções como o documentário premiado (Oscar de Melhor Documentário em 2007) do ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, “Uma Verdade Inconveniente”.
Dirigido por Davis Guggenheim, o filme, que chegou às locadoras no mês passado, apresenta argumentos persuasivos de Gore, ilustrados com gráficos, tabelas e belas imagens de várias partes da Terra. Gore explica que já não se pode tratar o aquecimento global como um problema meramente político, mas sim como o maior desafio que se enfrentará neste século.
O filme é muito bem feito, recheado de dados científicos, mas sem ser técnico demais. A criatividade e o bom humor recheiam a produção e a qualidade retórica de Gore fica evidente. O filme apenas peca pelo excessivo personalismo, centrado que é na figura do político que quase se tornou presidente nas eleições do ano 2000 e que perdeu para o Bush que não quis assinar o Protocolo de Kioto.
No fim do filme, são dadas sugestões de atitudes individuais para combater o efeito estufa.
A verdade que o filme apresenta pode ser “inconveniente” para quem pensa em viver aqui para sempre. Mas quando lembramos que o aquecimento global traz a reboque problemas como a fome, epidemias e inundações, é impossível deixar de relacionar isso com outra verdade profetizada há muitos séculos, na Bíblia: a verdade da volta de Jesus. Mas a diferença, entre tantas, é que esta traz esperança.
O grande problema de um roteirista ao adaptar um livro para o cinema, seja ele qual for, é conseguir captar todas as nuances que o escritor deu ao seu trabalho na transposição. Justamente na forma como o roteiro de "Orgulho e Preconceito" foi tratado que reside o seu maior defeito: falta-lhe a ironia fina, a sagaz observação aos padrões da época que permeia cada entrelinha dos escritos de Jane Austen.
Austen (1775-1817), nascida em Hampshire, Inglaterra, foi a filha caçula de oito irmãos de uma família tradicional. Escreveu, aos quinze anos de idade, seu primeiro romance,
Amor e Amizade, e em 1796 deu cabo a
Primeiras Impressões, que acabou sendo recusado por um editor. Austen então o reescreveu totalmente, e o rebatizou de
Orgulho e Preconceito, sendo este lançado somente em 1813, e que acabou se tornando seu romance mais famoso.
Orgulho e Preconceito, assim como as demais obras de Austen, acabou recebendo várias adaptações para o cinema. Greer Garson e Laurence Olivier, em 1940, já travavam as batalhas intelectuais do romance. Em 1995, foi a vez de Jennifer Ehle e Colin Firth, em uma aclamada minissérie feita para a televisão britânica. Dessa vez, os papéis principais ficaram com a irradiante Keira Knightley e o soberbo Matthew Macfadyen.
A história do filme (ou do livro, como preferir) se centra na tradicional família Bennet, onde Sr. (Donald Sutherland, em notável atuação) e Sra. Bennet (Brenda Blethyn, escorregando de vez em quando) estão às voltas com o alvoroço que um recém-vizinho rico, Sr. Bingley (Simon Woods), tem causado em suas cinco filhas, principalmente em Jane (Rosamund Pike), que enxerga nele o casamento dos seus sonhos. Naquela época, o enlace matrimonial era coisa séria: não casar significaria à pobre moça o estigma de solteirona, perdedora e infeliz. Portanto, não casar não era uma atitude feminista, simplesmente não era adequado à época.
Elizabeth Bennet (Knightley) é uma moça à frente do seu tempo. Não tão bonita quanto a sua irmã e de uma sagacidade e inteligência superior, ela enxerga com outros olhos a vida e o seu destino. Mas acaba envolvida com o melhor amigo do Sr. Bingley, o aristocrata e pedante Sr. Darcy (Macfadyen). Inicialmente, como em toda história de amor que se preze, eles não se bicam: ela, por achá-lo soberbo; ele, por desprezar a condição social dela. Depois, ele acaba por se apaixonar por ela e, mesmo amarrado aos preceitos da época, se declara, mas é rejeitado. Até que enfim acertam os ponteiros.
É uma história de amor, sim, e das mais belas, mas o que falta ao filme é exatamente um olhar mais satírico por parte da roteirista estreante em cinema Deborah Moggach. Tanto é que o filme muitas vezes percorre a perigosa linha do "filme açucarado de mulherzinha". Mas há de elogiar o roteiro em uma questão: há diálogos inteiros do livro fielmente transpostos, algo rarísismo de se ver hoje em dia, o que prova que a roteirista manteve, acima de tudo, o respeito pela obra em questão.
O diretor Joe Wright, egresso da tevê e também estreante na tela grande, faz um trabalho bastante acadêmico, bem quadradinho. Pausado, não tem pressa em construir seus personagens e consegue envolver o espectador – e nesse ponto ajuda, e muito, a climática e solar trilha de Dario Marianelli. Em certo momento, a câmera de Wright passeia por cômodos mostrando vários personagens, em um belo momento de arrojo. Deve ter deixado James Ivory morrendo de inveja.
Nota: Para quem gosta do gênero, é um belo romance sem cenas reprováveis (coisa rara). É apropriado para discussão de valores e para comparações com os padrões morais de nossos dias e os comportamentos associados ao namoro e casamento. Um pouco do respeito que se dava à instituição na época (sem exageros, é claro) seria bom resgatar.
Considerada uma das mais promissores estrelas-mirins de Hollywood, Dakota Fanning, de "A Guerra dos Mundos" (2005), é a a protagonista do drama "Sonhadora" (2006), filme baseado em uma história verídica.
O longa conta a história de Ben Crane, um treinador de cavalos de corrida vivido por Kurt Russel, e de sua filha (Dakota Fanning), que lutam juntos para salvar a vida de uma égua doente que tinha futuro promissor nas pistas de corrida. Sonya, o animal em questão, sofreu uma lesão na pata que levou seu dono - o patrão de Crane - a deixá-la de lado.
Crane, cansado de enriquecer seu chefe forjando cavalos de competição, é demitido e recebe a égua contundida como parte da indenização. Ele, então, se vê diante de um dos maiores desafios de sua vida: tratar de Sonya e recuperá-la para a prova de turfe mais importante dos Estados Unidos - a Breeders' Cup Classic.
A pequena Cale, personagem de Dakota Fanning, assume um papel importante nesse processo, ajudando nos cuidados com a égua e na recuperação da auto-estima do pai.
O jornal
The New York Times disse que "Sonhadora" é melhor do que "Seabiscuit - Ama de Herói" (2003), filme que mostra a luta de um jóquei e um treinador para tornar um cavalo um animal competitivo nas corridas.
A publicação destaca o filme por retratar a corrida de cavalos como um negócio e não como um "conto de fadas". O jornal também destaca a atuação de Elisabeth Shue, que vive a mulher de Kurt Russell. Apesar da elogiada performance de Elisabeth, a "estrela do filme" é Dakota. O diretor John Gatins recebeu dos produtores o aviso de que, se conseguisse Dakota para estrelar "Sonhadora", a produção do longa seria autorizada.
Nota: É um bom filme para se ver com a família. Mostra o cuidado que se deve dispensar aos animais, o bom caráter frente à busca desenfreada por dinheiro (mas é bom destacar que não é correto participar de jogos de azar e apostas, como se faz no filme) e a importância da manutenção dos laços de família.
Faz mais de cinco anos, mas as cenas não saem da memória. Muitas pessoas são capazes de dizer o que estavam fazendo no momento em que um dos maiores atentados terroristas da história acontecia nos Estados Unidos. Em questão de minutos, dois grandes símbolos da América – as Torres Gêmeas do World Trade Center e o Pentágono – foram atingidos por aviões comerciais dominados por terroristas islâmicos.
O plano terrorista era causar estrago com quatro Boeings, mas um deles atrasou a decolagem e a tripulação e os passageiros acabaram sabendo o que estava acontecendo. “Vôo 93” (Estados Unidos, 2006), dirigido por Peter Markle, é um drama envolvente e tenso do começo ao fim. Os eventos e diálogos foram reconstituídos a partir de horas de entrevista com controladores de vôo, militares e com as famílias dos 40 passageiros e tripulantes que estavam a bordo do Boeing 757 da United Airlines. Essas entrevistas, juntamente com as gravações de vôo e outras informações se tornaram a base do filme que quase poderia ser considerado documentário.
Um grupo de atores talentosos, mas pouco conhecidos, interpreta as pessoas comuns que embarcaram para a morte naquele fatídico 11 de setembro. A decisão de tomar o avião dos terroristas, a fim de que não destruíssem a Casa Branca, os telefonemas de despedida para os parentes e os últimos instantes antes da queda; tudo é contado em cenas e diálogos carregados de muita emoção.
É um filme que faz pensar na fugacidade e fragilidade da vida, e em como certas coisas como carreira, dinheiro e sucesso se tornam tão pequenos em face da morte. No fim das contas, o que realmente importa são os relacionamentos, as pessoas a quem se ama, a família.
Especialmente tocante é o momento em que um dos passageiros pede a uma atendente da companhia aérea que ore com ele ao telefone. Em situações extremas, quase todo ser humano percebe sua finitude e se volta para Deus.
Francisco nasceu por volta de 1182, na cidadela italiana de Assis. Filho de comerciantes de tecidos, ele poderia ter sido um próspero burguês. Mas não. Em certo momento da vida, aos 26 ou 27 anos de idade, o jovem optou pela pobreza, pelo pacifismo e pela caridade.
Conforme a
Revista das Religiões de outubro de 2004, “ao contrário de seus contemporâneos, [Francisco] não desvinculou a fé da realidade cotidiana. Pelo contrário. Em cada rosto, encontrava o próprio Cristo. Em qualquer manifestação da natureza – dos astros aos animais e às plantas – enxergava o carinho de Deus. Foi um homem de seu tempo, mas não se prendeu a ele. E, por isso, foi considerado santo: São Francisco de Assis”.
Conta-se que Francisco teria percorrido o mundo para pregar o amor ao próximo. Em 1219, teria ido ao Egito para conversar com o sultão Melekel Kamel e lhe propor a paz, numa época em que cristãos e muçulmanos guerreavam por Jerusalém.
Sobre sua conversão, Francisco escreveu em
Testamento, um dos poucos escritos que deixou: “Quando ainda estava em pecado, parecia muito amargo ver os leprosos, mas o próprio Senhor me levou a estar com eles e eu usei de misericórdia: quando me afastei dali, aquilo que me parecia amargo rapidamente transformou-se em doçura de alma e de corpo. Em seguida, esperei um pouco e saí do mundo.”
Era realmente um homem especial. Segundo vários livros, Francisco andava com cuidado para não pisar em nenhum inseto ou planta. Passava sobre as pedras com reverência e afastava, carinhosamente, lesmas e formigas do caminho – para que ninguém, sem querer, as machucasse.
Segundo o teólogo Inácio Strieder, da Universidade Federal de Pernambuco, o franciscanismo (que depois viria a se tornar ordem religiosa) “foi um movimento pelo amor e pela paz, que colocava em prática o evangelho como jamais a Igreja o fizera após Jesus Cristo”. De fato, a vida e as atitudes simples de Francisco contrastavam com a opulência de Roma e eram-lhe uma viva reprovação.
No filme “Irmão Sol, Irmã Lua” (Itália, 1972), dirigido por Franco Zeffirelli, é apresentada a história de Francisco de Assis. O filme focaliza os primeiros anos da vida do jovem - numa época de obscurantismo e falta de genuíno amor - e mostra a surpreendente experiência que transformou Francisco num exemplo de cristão para o mundo. Um mundo que hoje, mais do que nunca, carece de Franciscos e Franciscas.
Da região mais inóspita, selvagem e fria do planeta – e inspirada em uma surpreendente história real – vem a emocionante história de ação e aventura, de cachorros e homens, de amizade e lealdade e do comovente espírito de tenacidade e esperança que deflagraram uma das mais incríveis histórias de sobrevivência de todos os tempos. Tendo como pano de fundo a gelada e tempestuosa Antártica, "Resgate Abaixo de Zero" (Eight Below, 2006) acompanha oito surpreendentes heróis em apuros no fim do mundo e o homem que seria capaz de fazer de tudo para trazer seus verdadeiros amigos de volta para casa.
O inclemente inverno da Antártica está apenas começando quando uma intrépida equipe de exploradores e cientistas em uma missão de pesquisa – o guia de sobrevivência Jerry Shepard (Paul Walker), seu melhor amigo e cartógrafo Cooper (Jason Biggs) e o ríspido geólogo Davis (Bruce Greenwood) – escapam por pouco de um acidente fatal graças à inabalável equipe de oito habilidosos cães de trenó.
Forçados a deixar o local, os homens têm que abandonar os adorados cães na região congelada – com a promessa de retornar. Mas quando a tempestade do século se aproxima, impossibilitando todo e qualquer tipo de resgate, os cães ficam presos. Agora, enquanto os corajosos e inteligentes cães – incluindo Maya, a nobre líder da matilha; o rebelde e inquieto Shorty; e Max, o jovem
trainee em ascensão – lutam para sobreviver ao inverno mais rigoroso do planeta, o inconsolável Jerry está determinado a organizar uma missão para um resgate aparentemente impossível, auxiliado pela bela e aventureira piloto especializada em baixa altitude Katie (Moon Bloodgood). Unidos apenas por firmes laços de amizade, tanto humanos como cães empreendem uma notável jornada de resistência, perseverança e determinação para se reencontrarem nessa espetacular, porém perigosa, região.
Baseado em fatos reais, é um filme para se ver em família.
Chuck Noland (Tom Hanks) é um inspetor da Federal Express (FedEx), multinacional encarregada de enviar cargas e correspondências, que tem por função checar vários escritórios da empresa pelo planeta. Porém, em uma de suas costumeiras viagens ocorre um acidente, que o deixa preso em uma ilha completamente deserta por quatro anos. Com sua noiva (Helen Hunt) e seus amigos imaginando que ele morrera no acidente, Chuck precisa lutar para sobreviver, tanto fisicamente quanto emocionalmente, a fim de que um dia consiga retornar à civilização.
(Movieguide)
Nota: Como puro entretenimento, é um filme interessante.
Não deixe de ler o texto “
A esperança dos náufragos”, no blog
www.michelsonborges.com
Na avaliação de Erick Pessoa (no Movieguide):
“Por incrível que pareça, o filme não perde a qualidade de narração no segundo ato, onde o personagem de Hanks ‘divide’ a cena apenas com seu amigo imaginário Wilson - materializado em uma bola de vôlei; muito pelo contrário, seu problema está exatamente no início e na parte final da trama. Aliás ‘Naufrago’ é um exemplo concreto de que não existe fórmula para um bom roteiro; primeiro porque consegue inserir o problema central nos primeiros 30 minutos de filme, mas em detrimento de uma filmagem acelerada no primeiro ato, fazendo com que a vida de Noland pareça um inferno e quase nos faz acreditar que se ele não fosse parar naquela ilha, provavelmente, teria um enfarte. O único problema é que a ilha em si é extremamente inóspita e essa hostilidade do ambiente é que nos envolve para torcer para que Noland volte para a ‘civilização’. Ou seja, o começo turbulento comprometeu completamente a primeira parte e como se não bastasse William Broyles Jr. opta por um desfecho convencional, pouco criativo e decepcionante. A grande compensação está na parte central do filme que é excelente. A interpretação de Tom Hanks é um
show e o ator consegue cativar a atenção do espectador com facilidade.
Durante o desenrolar das desventuras de Noland, vemos um homem regido ao extremo pela doutrina de ‘tempos e movimentos’, preso em uma ilha, absolutamente impotente em relação aos compromissos, em um local esquecido pelo cronômetro. O elo entre Noland e a hora marcada, passa a ser simbolizado pelo relógio de bolso, presente de sua namorada (Helen Hunt), mas que teve a sua importância transferida dos ponteiros para a capa do mostrador, onde se encontra o retrato da moça. E nessa transição da atenção é que Noland percebe o que era realmente importante e o relógio passa a ser nada mais do que um porta-retrato. Simplesmente uma moldura para que ele admire o rosto de Kelly.
“Vivendo uma situação tão adversa, Noland projeta seu amigo imaginário na bola de vôlei Wilson, um ‘personagem’ inventado para ser a ‘válvula de escape’ dos pensamentos do protagonista e desta maneira dispensando não só a locução em off como o narrador (o que foi uma ótima percepção do roteirista). No entanto, o talento de Hanks extrapolou a si próprio e não só deu vida para Wilson, como fez com que o público, despercebidamente, estabelecesse uma afinidade com o ‘objeto’. [...]
“Vale a pena mencionar o grande esforço de Hanks que perdeu 30 quilos para conferir veracidade ao seu personagem. Um feito que certamente ajudou a produção a receber duas indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Ator (Tom Hanks) e Melhor Som, além de ganhar um Globo de Ouro, na categoria de Melhor Ator em Drama (Tom Hanks).”
Com Martin Shenn, Alan Arkin, Eillen Bennan e direção de Michael Ray Rhodes, "O Quarto Sábio" conta a história de um homem sábio em busca do verdadeiro sentido da vida. Filho de um rei da antiga Pérsia, o sábio procura nas Sagradas Escrituras o significado real da vida e descobre as profecias sobre Jesus, o Rei dos reis. O plano dele é encontrar-se com os três reis magos no deserto para irem ao encontro do Rei Jesus. Mas, depois de uma série de percalços, o sábio somente consegue encontrar Jesus no fim de sua vida. E encontra também a resposta que procurava.
Baseado no clássico de Henry Van Dyke, o filme (apesar de ser ficção) é realmente emocionante.
Você ainda é carnívoro? Não conhece a grande realidade da industria bovina e da granja? Este é o filme certo. Este documentário feito pelo
Instituto Nina Rosa, uma ONG sem fins lucrativos, foi indicado para o Festival Internacional de Cinema Ambiental.
“Alguma vez você já pensou sobre a trajetória de um bife antes de chegar ao seu prato? Nós pesquisamos isso para você e contamos neste documentário aquilo que não é divulgado. Saiba dos impactos que esse ato – aparentemente banal – de consumir carne representa para a sua saúde, para os animais e para o Planeta.” – Sinopse feita pelos produtores.
O documentário conta com depoimentos dos jornalistas Washigton Novaes e Dagomir Marquezi, entre outros, como pesquisadores universitários.
É surpreendente, 80 por cento das pessoas que assistem ao filme nunca mais agem da mesma forma ao comer carne, sempre com um peso na consciência, e muitos, muitos mesmo, passaram a se tornar vegetarianos após ver esse filme, pois ele “abre os olhos”.
O filme apresenta algumas cenas fortes sobre o processo industrial da granja, do abate dos bovinos, entre outros animais. Algumas cenas são marcantes, como o abate dos bois; como tratam as galinhas, o famoso
babybife, a “escolha” dos pintinhos. Porém, necessárias, pois esta é a intenção: causar impacto nas pessoas, pois de certa forma, infelizmente, a maioria hoje só toma uma atitude depois de um impacto muito grande.
Recomendo para todos. As crianças podem ficar um pouco traumatizadas, mas também poderão deixar de comer carne pelo resto de suas vidas, e passarão a ter mais compaixão pelos animais, e repudiar a morte e a desumanidade.
Em 1984, um médico diagnostifica em um garoto uma doença rara, dando-lhe no máximo mais dois anos de vida. Inconformados com essa situação, os pais passam então a pesquisar sobre a doença, a fim de encontrar algo que possa ajudar o filho. Dirigido por George Miller (Mad Max) e com Nick Nolte, Susan Sarandon e Peter Ustinov no elenco, o filme recebeu duas indicações ao Oscar.
Baseado em história verídica, "O Óleo de Lorenzo" é um filme emocionante por tratar com seriedade um tema polêmico: até onde devemos nos submeter a um tratamento médico quando este não apresenta cura para uma doença? Aqui, o papel da medicina foi substituído pela dedicação dos pais de Lorenzo Odone (muito bem interpretados pelos sempre competentes Nick Nolte e Susan Sarandon), que lutaram para descobrir o único tratamento realmente eficaz contra a ALD, enquanto os ditos cientistas se preocupavam muito mais com questões financeiras relacionadas com seus hospitais e suas carreiras.
Como se não bastasse o forte contexto em que está inserido, o filme ainda conta com a boa direção de George Miller, que valoriza ainda mais a narrativa da história.
Promessas de filho para pai, persistência, honra e glória. Temas recorrentes na literatura e no cinema. De tempos em tempos, porém, alguém requenta os velhos clichês de maneira eficiente, já que uma lição de vida não faz mal a ninguém. Baseado na história real de Carl Brashear, "Homens de Honra" (EUA, 2000) mostra o velho embate entre o recruta e o oficial na Marinha, mas fica degraus acima de seus similares, em boa parte graças às interpretações na medida de Robert DeNiro e Cuba Gooding Jr.
Situada nos anos 40, a história mostra as esperanças de Carl (Gooding), filho de um lavrador humilde, em ser alguém na Marinha. Porém, ao chegar no navio, descobre que os negros são recrutados somente para trabalhar na cozinha. Banhos de mar, para os oficiais "de cor", somente às segundas-feiras. Eis que Carl, um belo dia, resolve tomar banho fora do horário determinado e mostrar aos superiores seus dotes como nadador. Após ser preso, consegue, com a ajuda do capitão Pullman (Powers Boothe), uma vaga como marinheiro salva-vidas.
Seu sonho, porém, é ser mergulhador da Marinha. Após dois anos de tentativas, consegue chegar à obscura escola de mergulho, comandada por Leslie Sunday (DeNiro). Lá, seguem-se as cenas de praxe, entre elas a que todos os outros recrutas deixam o alojamento no momento em que Carl entra. Claro que sobra para ele um amigo, o tímido e gago Snowhill (Michael Rapaport). Não há dúvida de que o filme mostra Carl como a pessoa mais perfeita e determinada do mundo, além do melhor mergulhador que a Marinha americana já teve...
Uma curiosidade no elenco é a presença de Charlize Theron, uma das jovens atrizes de maior prestígio no cinema atual. Charlize tem uma pequena participação, como a jovem esposa de Robert DeNiro. Mas suas cenas não são lá essas coisas.
Nunca se sabe, em filmes baseados em história real, o quanto há de verdade. Mas o preconceito não é atenuado pelo diretor George Tillman Jr., que, aliás, também é negro. Este é o segundo filme do cineasta, que estreou com o igualmente melodramático "Sempre aos Domingos", que enfoca a tradição do almoço dominical de uma família afro-americana.
Apesar de "formulaico" e longo demais, o roteiro acerta em cheio no desfecho, que, claro, ocorre em um tribunal militar. Após perder uma perna em acidente, Carl é obrigado a andar com uma roupa de mergulho com mais de 100 quilos para provar que ainda é capaz de continuar na profissão. E você pensava que sua vida era um calvário...
Dirigido pelo competente Stephen Hopkins, "A Sombra e a Escuridão" (EUA, 2001) reuniu os astros Michael Douglas e Val Kilmer em uma movimentada e tensa aventura nos confins da África, no século 19 (o filme é baseado em história real). A dupla precisa matar dois leões sanguinários e extremamente inteligentes que impedem a construção de uma ferrovia. As feras caçam juntas, sem medo dos homens ou do fogo. Pior, matam por prazer e não para se alimentar, e têm um instinto quase sobrenatural para perceber as armadilhas que lhes são preparadas. O famoso caçador Remington (Douglas) e o engenheiro civil Patterson (Kilmer) tentam deter esses implacáveis monstros. Mas, nesta impressionante história de homens contra feras, os caçadores tornam-se a caça.
Ação de primeira, bonitas locações, astros e uma direção eficiente fazem de "A Sombra e a Escuridão" um filme/documentário interessante. Mas é bom advertir que há cenas fortes (especialmente quando os leões atacam suas presas) e um clima de suspense do começo ao fim. Por isso mesmo, não é recomendado para pessoas muito sensíveis e, sobretudo, para crianças.
"Uma Lição de Amor" (EUA, 2001) conta a história de um pai devotado em luta com a justiça e a sociedade para manter a guarda de sua filha. Engraçado e comovente, o filme mostra a enorme generosidade do espírito humano.
"Uma Lição de Amor" é a comovente história de Sam Dawson (Sean Penn, em atuação brilhante), um pai com deficiências mentais que cria sua filha Lucy (Dakota Fanning) ajudado por um grupo de amigos bem especial. Ao completar sete anos de idade, Lucy começa a ultrapassar seu pai intelectualmente, e a forte ligação existente entre os dois é ameaçada quando uma assistente social decide que a menina deve ir viver com uma família adotiva.
Diante de situação em que aparentemente é impossível sair vitorioso, Sam decide enfrentar o sistema legal e estabelece uma incomum aliança com Rita Harrison (Michelle Pfeiffer), uma poderosa e egocêntrica advogada que inicialmente aceita o caso apenas por ter sido desafiada a fazê-lo por seus colegas. Numa análise superficial, os dois não poderiam ser mais diferentes, porém, na realidade, possuem sutis semelhanças. A natureza compulsiva de Sam espelha a obsessão de Rita em ser aceita socialmente, que é vista com mais naturalidade pela sociedade. Sua busca de perfeição e sucesso a distancia de seu filho e vem destruindo lentamente sua auto-estima.
Juntos, eles se empenharão em convencer o sistema de que Sam merece ter sua filha de volta e, ao longo desse processo, criam um vínculo que resulta num testemunho singular do poder do amor incondicional.
Apesar de afirmarmos que respeitamos as diferenças e não somos preconceituosos, a questão da discriminação e da intolerância mútua é uma realidade em nosso mundo e em nosso país também. Infelizmente, os discursos de igualdade não passam de mera falácia. É por isso que o filme "Meu Nome é Rádio" (2003, direção de Michael Tollin) não perde a atualidade e aborda a questão do preconceito em relação a pessoas portadoras de necessidades especiais e que apresentam maneiras diferentes de aprendizagem.
Além de uma bela atuação de Cuba Gooding Jr, a trama expõe o lado discriminador de todos nós. A abordagem ocorre em torno da incapacidade humana de compreender o seu próximo, respeitá-lo e verdadeiramente apoiá-lo para que consiga ter uma convivência saudável com aqueles que o rodeiam. Recheado de cenas emocionantes e sem a violência barata e banal que permeia a maioria dos filmes cuja temática é o preconceito, "Meu Nome é Rádio" é baseado em uma história real. Traz à tela a história de personagens de "carne e osso" que viveram na pele as várias faces do preconceito em uma sociedade que teima em se diferenciar e não em se unir para crescer.
A história é absurda: ao chegar aos Estados Unidos depois de uma longa viagem de avião, Viktor Navorski descobre que seu país de origem, Krakozhia, foi palco de um golpe militar. Como os americanos não reconhecem a legitimidade daquele novo governo, o passaporte do viajante é invalidado. Sem poder entrar na América do Norte ou retornar ao seu próprio país, Viktor é obrigado a passar meses no terminal do aeroporto de Nova York. Pois bem: apesar de absurda, a história é real. Aliás, foi até suavizada: na verdade, o iraniano Merhan Nasseri passou nada menos do que 16 anos no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, permanecendo ali mesmo depois de ter conseguido autorização para sair do prédio (o que, do ponto de vista psicológico, não deixa de ser fascinante).
Depois de dar origem a uma produção francesa em 1993 (Caídos do Céu), o drama de Nasseri atraiu o interesse de Steven Spielberg, que decidiu adaptá-lo novamente para as telonas. Infelizmente, para o cineasta não bastava contar a história de um anônimo surpreendido por uma situação atípica que o obriga a se adaptar a um confinamento quase surreal. No mundo cinematográfico em que Spielberg vive, é preciso mais do que isso; é fundamental ser um herói, uma celebridade, alguém que desperta a admiração de todas as pessoas. Em suma: é necessário ser um personagem, não um indivíduo.
Não é à toa que os melhores momentos de "O Terminal" (2004) se encontram em sua metade inicial, quando conhecemos Viktor e o acompanhamos enquanto descobre que seu país está em guerra e que, conseqüentemente, ele se tornou um "cidadão de lugar nenhum". Sempre eficiente, o excepcional Tom Hanks confere grande carga dramática ao personagem, que precisa lidar com as dificuldades impostas por seu desconhecimento do inglês e com a frustração de encontrar-se em um dilema que nem ele nem os funcionários da Imigração conseguem compreender totalmente. Utilizando um sotaque que consegue ser engraçado sem soar falso, Hanks domina com tranqüilidade os diversos tons do filme, conseguindo provocar o riso ou a emoção do espectador sem carregar em sua composição.
Da mesma forma, Spielberg se sai admiravelmente bem nesta primeira hora de projeção: além de conduzir a trama com segurança, ilustrando a adaptação de Viktor ao terminal (a estratégia utilizada para conseguir dinheiro através da devolução de carrinhos é genial), o diretor cria vários planos memoráveis, como aquele que começa próximo ao rosto do protagonista e se afasta dezenas de metros, sobre uma grua, a fim de retratar o isolamento e a insignificância do personagem frente à situação na qual se encontra. Além disso, a fotografia de Janusz Kaminski, parceiro habitual de Spielberg, é de extrema competência – principalmente se considerarmos que ele estava trabalhando em um set repleto de superfícies capazes de refletir a equipe ou o equipamento.
É uma pena que, gradualmente, "O Terminal" deixe de ser um interessante estudo de personagem e se transforme em um drama tipicamente hollywoodiano – uma mudança que pode ser percebida através da própria alteração sofrida ao longo da projeção pelo personagem de Stanley Tucci, o diretor do aeroporto. A princípio, Frank Dixon é um sujeito que, por não saber o que fazer com Viktor, decide deixá-lo livre no aeroporto com a esperança de que ele tente fugir, o que transferiria o problema para o FBI. Porém, ao perceber que Viktor não pretende sair do terminal sem permissão, Dixon procura encontrar outras formas de resolver a questão, chegando até mesmo a encontrar uma solução e apresentá-la ao imigrante (o que resulta numa das cenas mais engraçadas do filme). Infelizmente, logo em seguida os roteiristas Jeff Nathanson e Sacha Gervasi decidem converter Dixon em um vilão estereotipado, enfraquecendo o conflito ao torná-lo inverossímil (a "raiva" do diretor do aeroporto por Viktor jamais soa autêntica). Como se não bastasse, ainda há uma sugestão de "redenção" que soa simplesmente ofensiva.
Para piorar, o filme apela para uma série de gags físicas que, além de não funcionarem, diluem a força dramática da história: como Viktor vive tropeçando, trombando em portas de vidro, entrando nos banheiros errados e escorregando no chão úmido, o espectador encontra dificuldades para identificar-se com ele, já que o sujeito praticamente se transforma em uma espécie de Inspetor Closeau búlgaro (ou melhor: krakozhiano). Além disso, o roteiro falha ao não explicar por que Viktor, depois de tentar ligar para sua casa no início da projeção, jamais volta a fazê-lo – o que é incompreensível. Para piorar, "O Terminal" inclui uma série de personagens secundários incrivelmente caricaturais, como o latino apaixonado e o indiano exótico.
Apelando até mesmo para uma subtrama romântica boba e totalmente dispensável envolvendo Hanks e a aeromoça vivida por Catherine Zeta-Jones, o filme finalmente desmonta no terceiro ato, quando o motivo da viagem de Viktor (que não vou revelar) é apresentado como se fosse uma grande surpresa. Além de ridícula, a tal revelação soa como uma tentativa desesperada e final de Spielberg para provocar as lágrimas do público – no que acaba falhando.
Curiosamente, foi justamente por se entregar ao maniqueísmo e ao sentimentalismo barato que o cineasta já havia falhado em "Amistad" e "A.I. Inteligência Artificial" - dois outros raros tropeços na carreira espantosamente regular de Steven Spielberg.
Durante a II Guerra Mundial, o famoso pianista judeu polonês Wladyslaw Szpilman vê sua família ser deportada, em 1942. Ele consegue se salvar, por puro acaso, do comboio da morte. Um policial, também músico, o arranca do vagão. Mas é enclausurado junto com outros milhares de judeus no Gueto de Varsóvia, errando às escondidas durante mais de dois anos e passando por sofrimentos, humilhações e lutas impossíveis numa Varsóvia dominada pelos nazistas. Doente, solitário e faminto, deve sua vida a outro oficial alemão, católico, Wilm Hosenfeld, que tem uma paixão exagerada pela música. Abalado pelos crimes nazistas, decide ajudá-lo a sobreviver.
Três etapas dividem o filme ("O Pianista", 2002): a opressão sufocante da sucessão de leis anti-semitas, que os judeus da época queriam acreditar, a cada novo decreto, que aquele seria o último. O medo, frente ao nazismo, presença estranha e desumana, que ameaçava pessoas e famílias inteiras. Enfim, o inexplicável dos crimes imprevisíveis e frios, que não deixam margem para esperanças. Polanski consegue fazer esta reconstituição com rara autenticidade. No filme "O Pianista" não se chora, mas um sentimento de revolta e de raiva se apodera do espectador diante da maldade dos carrascos.
Neste filme, o diretor Roman Polanski quis reatar seus laços com sua origem judeu-polonesa, com infância passada no Gueto de Cracóvia. Sua mãe morreu no campo de concentração e, embora seu pai tivesse sobrevivido, o mais terrível de tudo é que uma criança resiste a tudo, mas fica marcada para sempre quando é separada dos pais, diz Polanski, em entrevista a
O Estado de S. Paulo, em 9 de outubro de 2002. "Sempre soube que um dia faria um filme sobre o Gueto de Varsóvia, sobre esse período doloroso da história da Polônia, mas não queria que fosse autobiográfico. Desde a leitura dos primeiros capítulos das memórias de Szpilman, soube que 'O Pianista' seria objeto de meu próximo filme. Era a história que eu precisava: apesar do horror, positiva e cheia de esperança. Sobrevivi ao bombardeio de Varsóvia e ao Gueto de Cracóvia e quis recriar as lembranças de minha infância. Quis ficar o mais perto possível da realidade e não filmar à moda de Hollywood."
A história de Spzilman permitiu a Polanski reviver sua própria história e o tema do isolamento humano, tão caro a ele, reaparece no filme através de janelas: quando Spzilman é obrigado a pular de abrigo em abrigo, de um apartamento de amigos poloneses para outro, vemos o Gueto de Varsóvia através de seus olhos. Vemos o que ele vê e, mais importante ainda, da forma como ele vê. Esses fatos estão inscritos na sua consciência e vão moldar sua memória para o resto da vida.
No livro que escreveu, Szpilman nunca se coloca como herói, mas como um sobrevivente acidental, um homem que por ironia do destino deve sua vida ao inimigo.
** PASSADO COMUM
Vários filmes, como "A Lista de Schindler", de Spielberg, ou "A Vida é Bela", de Roberto Begnini, tentaram mostrar a dimensão do que foi o Holocausto. Algumas das cenas do filme "O Pianista" impressionam por seu realismo. A cena final, em que Szpilman se encontra na Varsóvia do fim da guerra, parece uma arena de sobreviventes de um pesadelo.
Foi difícil achar os lugares em ruínas que a história exigia. Portanto, foi necessário reconstruir a cidade a partir de vários elementos. Algumas ruas foram inteiramente reproduzidas em um estúdio de Berlim.
Polanski sabe que o cinema é incapaz de recriar o passado. Mas a história de Szpilman está aí para servir à visão de Polanski. Numa das cenas mais emocionantes do filme, o oficial que o salva da morte ordena ao pianista que toque, a fim de provar que é mesmo talentoso e famoso. Szpilman obedece, mesmo sem ter tocado desde o início da guerra. A cena é um tributo ao significado da sobrevivência.
Em outra cena inesquecível, antes de embarcar nos trens para os campos que matariam seus pais, duas irmãs e um irmão, o autor divide com eles uma barra de caramelo cortada em seis, sua última refeição juntos. Em nenhum momento do livro, Szpilman mostra desejo de vingança. No fim da guerra, tenta encontrar e salvar da prisão russa o oficial alemão que o tinha ajudado.
No filme, Polanski processa sua própria biografia e faz seu auto-retrato com a ajuda de outro auto-retrato. Mesmo sendo tocado diretamente pelo tema, rejeita a emoção fácil e faz o espectador descobrir mais um surpreendente testemunho do heroísmo do Gueto de Varsóvia. Tanto no livro como no filme, "O Pianista" toca fundo em nossa alma. Sua lucidez e coragem, em condições onde uma migalha de pão fazia a diferença entre a vida e a morte, conseguem transmitir uma lição de vida. Como documento, "O Pianista" nos dá a oportunidade de acompanhar a trajetória de um homem determinado a viver, a qualquer preço. O lirismo do músico, aliado a uma inteligência crítica, faz o espectador querer ir cada vez mais fundo em seu passado. E assim como Polanski se identificou e se emocionou com esse vigoroso relato, nós, também, revivemos através do filme, uma vez mais, um dos mais dramáticos episódios da História Judaica: a destruição em massa dos judeus de Varsóvia.